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Enviada em: 09/10/2018

Democracia às escuras   Ao desvanecer do século das luzes, a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, promulgada pela França Republicana, surge como base para as garantias sociais modernas, tal como o direito a livre expressão de pensamento. Contudo, é necessário aferir até que ponto a emissão de uma ideologia política deve ser impuna, tendo em vista a utilização deletéria das redes sociais no que tange à discussões desses ideais.  Mormente, importa destacar que discordâncias quanto ao posicionamento ideológico não é um problema unicamente ideal. Desde a Roma Antiga, com o nascimento da Tribuna da Plebe, aqueles que se opuseram isoladamente contra o regime de governo eram brutalmente assassinados, caso dos Irmãos Gracos. Nessa perspectiva, a invenção da internet permite a "digladiação" de ideais entre diversas correntes políticas e sociais e, assim como na antiga Roma, muita dessas ideologias transfiguram-se em armas de combate prontas para dizimar seus rivais a qualquer custo. Prova disso, são a intensa explanação de ideais preconceituosos e intolerantes cada vez mais recorrentes nas redes sociais de hoje.   Nesse sentido, em um contexto no qual a violência, física e moral, parece justificar qualquer espectro o medo e a descrença na democracia passam a ser presentes. Como resultado disso, o número de vítimas, desse devaneio social, tende a crescer progressivamente, o que torna esse fenômeno uma crise humanitária, sendo os discordantes atingidos duplamente; a primeira pela intolerância, a segunda pelo sangue. Pode-se mencionar, como exemplo desse processo, a morte do Mestre Moa, figura representativa das periferias de Salvador, por motivo de discordância política. Se, para Aristóteles, a justiça é a base da sociedade, o mundo atual encontra-se distante de tal harmonia, e faz das redes sociais mais um agente dessa injustiça.   Fica evidente, portanto, a existência de valores deletérios na sociedade contemporânea e, junto com ela, a virtual comparação à Idade das Trevas, período qual a razão humana permaneceu latente. Dessarte, cabe às entidades políticas, como a Organização das Nações Unidas, promover palestras, ao redor do mundo, que versem sobre a importância da diversidade ideológica, bem como a sua necessidade para o progresso humanitário, a fim de uma maior politização dos cidadãos interessados. A expectativa pode ser alcançada mediante o acometimento em conjunto aos países membros, facilitados também pela presença de ONG's. Assim, espera-se que o pluripartidarismo, idealizado pelo povo francês, possa, gradativamente, esclarecer a democracia atual, até então turva.