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Enviada em: 11/10/2018

O perigo de novos "Eichmanns" no Brasil               Nos tempos hipermodernos, o crescimento do uso de redes sociais reflete uma preocupação do indivíduo em estar sempre em interação com outras pessoas, e informado dos fatos que o rodeiam, isto é, a conexão virtual transformou-se em necessidade. Entretanto, esse uso também demonstra a superficialidade que permeiam essas relações construídas por compartilhamentos de imagens e mensagens curtas. Dessa forma, a fragilidade desse indivíduo em aderir algumas ideias muitas vezes perigosas, e similarmente o pouco estímulo ao pensamento crítico constituem um problema nas discussões políticas atuais. Nesse sentido, é fundamental reforçar o papel das ciências humanas para incentivar a dialética, a sensibilidade e evitar acontecimentos trágicos como os regimes ditatoriais.           Nesse viés, o filósofo Gilles Lipovetsky conceitua a sociedade hipermoderna, caracterizada pela angústia de estar constantemente atualizada, ansiosa pela informação e em conexão com outros usuários. Todavia, esse excesso muitas vezes associado também ao consumismo leva essa sociedade a não distinguir uma notícia falsa, ou seja, o que importa é quantidade de conteúdo que essa recebe e repassa a outros. Esta é considerada a era do vazio, em que predomina a superficialidade na comunicações humanas.             Ademais, um dos perigos no âmbito político-ideológico nas redes sociais refere-se aos discursos de ódio às minorias. É notório que, algumas ditaduras como o III Reich, usavam inverdades para validar a morte e tortura de muitas pessoas, como os judeus. Sendo assim, a filosofa Hannah Arendt, ao analisar o julgamento penal de um funcionário do regime nazista após sua queda, descreve em sua obra "Eichmann em Jerusalém" que o réu apenas importou-se com sua ascensão social, e aceitou as farsas que o regime disseminou como verídicas, sem praticar uma reflexão moral e crítica sobre aquele fato.             Diante do exposto, é importante educar a sociedade atual para o uso das redes sociais, mas também prepará-la para a discussão política. Nesse aspecto, é preciso uma linguagem fluída e abrangente como a arte para sensibilizá-la. Além disso, as ciências humanas podem estimular a dialética e o pensamento crítico, e assim combater a intolerância e o preconceito nos debates na internet. Por isso, o Estado em sua esfera federal, estadual e municipal deve garantir o ensino dessas disciplinas, e fomentar o acesso à cultura. Outrossim, é essencial que exista uma fiscalização e verificação de postagens nas redes sociais, que pode ser feita pelas proprietárias desses sites em conjunto com a sociedade civil para que mentiras publicadas não se dispersem e causem desastres.