A tecnologia não tem ética, somente o tempo como seu freio. Dito isso, faz-se importante uma análise mais aprofundada acerca do alcance e manejo de tais tecnologias. Hoje o Brasil encontra-se em período de eleições e as mídias sociais são o principal meio de alimentação e troca de conteúdo. Como um evento assim é possível? A tão conhecida "fofoca" também tem sua versão virtual. A internet tem todo e qualquer tipo de conteúdo à disposição e aferir a veracidade tem se tornado uma tarefa cada vez mais árdua, pois os episódios de fake news - notícias falsas - acabam por relativizá-la ao passo em que boa parte da população não possui senso crítico e aproximam-se apenas de grupos que reforçam suas crenças e compartilham seus medos. A problemática não é tão simples, pois, de acordo com Francisco Brito Cruz, diretor do instituto de pesquisa Internetlab e pesquisador da Universidade de São Paulo - USP, podemos rumar para um "controle de discurso", ainda que esse discurso contenha ódio, ao criminalizar essas condutas. E, gerando jurisprudência nesse sentido, o judiciário vai ficar abarrotado de ações e abrir os caminhos para ferir a liberdade de expressão e, por consequência, o Estado Democrático de Direito. Dessa forma, a problemática atual exige que não hajam atropelos legislativos. A curto prazo, cada indivíduo, pode tomar para si a responsabilidade e apurar a fonte da notícia, pois quando se compartilha informação falsa torna-se parte e não mais uma vítima. O Estado, além da luta de anos para formar cidadãos com autonomia de pensamento, pode alertar em todos os meios de comunicação a ocorrência desse fenômeno. Quanto aos remanescentes, infelizmente, para algumas gerações não há salvação ante a alienação e negação dos fatos.