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Enviada em: 01/11/2018

Combater os novos sofistas       Mal comparando, as redes sociais são uma espécie de nova ágora ateniense. Através de tais plataformas digitais, o cidadão comum pode participar diretamente das discussões políticas de qualquer natureza. Porém, assim como existiam os sofistas da antiguidade grega, existem, atualmente, indivíduos e instituições que manipulam negativamente o debate na internet de acordo com os seus interesses. Posto isso, é necessário combater o mau uso das redes sociais no contexto das discussões políticas e garantir ao interlocutor maneiras de identificar informações enganosas.       No que diz respeito ao mau uso das redes sociais no contexto político, observa-se a crescente manipulação da opinião pública no contexto político. Adicionalmente, segundo levantamento efetuado pela Universidade de Oxford, essa prática já está presente em cerca de 50 países e movimentou, desde 2010, cerca de 2 bilhões de reais. Além disso, as beneficiárias desse volume de dinheiro, costumeiramente, atuam enviando notícias falsas para públicos distintos. Ademais, em muitos casos, os informativos são bem elaborados a partir de fatos verdadeiros descontextualizados, requerendo ao leitor, apuração adicional em outras fontes para apurar a veracidade.       Embora a checagem da factibilidade por fontes alternativas seja desejável, não é isso que acontece de fato. Aliás, as empresas responsáveis pelo envio de tais notícias contam com isso, afinal estudam previamente o perfil dos destinatários, e de acordo com modelos comportamentais, elaboram a mensagem de forma a evitar contestações e reforçar a crença do sujeito no factóide.       Complementarmente, o leitor, ao curtir ou repassar tais notícias, retroalimenta o sistema da rede social com suas preferências. Dessa forma, esse indivíduo passará a receber cada vez mais conteúdo similar, deixando de receber informações contrastantes que poderiam ampliar o seu senso crítico e servir como forma de avaliar a veracidade do fato.        Enfim, finalmente, como exemplo mais assertivo de propagação de fake news, pode-se citar a suspeita de manipulação envolvendo o referendo Brexit e a última eleição americana. Logo, para remediar o círculo vicioso das notícias falsas, é necessário que os responsáveis por tais plataformas digitais estabeleçam filtros detectando informações inverídicas, e, ao mesmo tempo, disponibilize recursos para o leitor apurar o fato verdadeiro. Quanto ao cidadão comum, cabe ao mesmo, ao receber uma mensagem, checar a sua veracidade em outras fontes e não a encaminhar aos demais.