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Enviada em: 26/11/2018

A influência das mídias sociais em eleições e plebiscitos é hoje um assunto de suma relevância internacional. Recentemente, Donald Trump tornou-se presidente dos Estados Unidos com forte estratégia de patrocínio no Facebook. No Reino Unido, a campanha a favor do Brexit fez uso abundante das redes sociais. Em ambos os casos, as campanhas digitais tiveram alto volume de distribuição de boatos, teorias conspiratórias e notícias falsas. O recente escândalo da Cambridge Analytica, empresa envolvida na campanha de Trump e do Brexit, evidencia práticas antiéticas de extração de dados e criação de perfis psicológicos dos usuários para serem acionados por mensagens direcionadas – prática sintetizada na expressão inglesa microtargeting. As novas tecnologias de informação e comunicação estão transformando sociedades, governos e sistemas políticos no mundo contemporâneo. O desenvolvimento da infraestrutura digital e seu impacto nos processos eleitorais exige bastante atenção por parte de governos, autoridades eleitorais, partidos, candidatos e da sociedade em geral, na medida em que o uso crescente da internet, especialmente das mídias sociais como Youtube, Facebook, Twitter, blogs, entre outros, vem aumentando a participação popular na tomada de decisões, o que resulta no fortalecimento das democracias. De um lado, as mídias sociais são plataformas que podem facilitar a comunicação política, permitindo o surgimento de startups jornalísticas, veículos de jornalismo independente e inciativas de midiativismo da sociedade civil. Em outras palavras, elas podem representar um passo na direção do aumento da liberdade de expressão e da redução do poder de oligopólio exercido pelas poucas empresas familiares que dominam o jornalismo brasileiro o papel das redes sociais na eleição se mostra ainda mais relevante quando observadas as taxas de acesso à internet no Brasil e o crescimento do número de usuários de Facebook, Whatsapp e Twitter nos últimos anos. Uma pesquisa realizada pela Ipsos e Telecomércio-RJ (Federação do Comércio do Estado do Rio de Janeiro) em 2016 estimou que 70% dos brasileiros tinham acesso à internet. Desse total, 69% afirmou que usava o celular como principal forma de navegar. Além disso, mais de 90% dos entrevistados declarou, na pesquisa, que acessar as redes sociais é seu principal intuito quando entram na internet.