Materiais:
Enviada em: 25/02/2018

Já dizia Aristóteles, filósofo que viveu na Grécia Antiga, que o homem é um animal político. No decorrer da história, esse aforismo foi endossado por outros pensadores, como a também filósofa Hannah Arendt, a qual afirmou que a dignidade do indivíduo é plena apenas quando ele faz parte de uma comunidade na qual compartilha responsabilidades. Contudo, a realidade do modelo de ensino atual é bem distante desse ideal, visto que crianças e jovens são treinados a passar em concursos e conseguir bons empregos, enquanto o incentivo à participação ativa na sociedade é deixado de lado.        Prova disso é o grande número de escolas que anunciam ter foco no ENEM e vestibulares. Tal oferta ocorre porque o mercado de trabalho no sistema econômico vigente em nosso país torna-se progressivamente competitivo, e é exigido dos jovens maior formação cada vez mais cedo. Assim sendo, ações sociais e atividades políticas não são incentivadas, muito embora possam proporcionar maior criticidade em relação às diversas realidades existentes na sociedade, além de, sem dúvidas, contribuir para o descobrimento da vocação profissional.        Por mais que exista, no senso comum, a ideia de que não há interesse em cidadania por parte da juventude dessa geração, a própria escolha de profissões indica o oposto: as carreiras de medicina e direito são, certamente, as mais concorridas entre os vestibulandos no Brasil. Tamanha demanda por esses cursos demonstra grande desejo de atuar positivamente em prol do bem estar social, uma vez que são profissões que unem boas remunerações à possibilidade de praticar atividades que contribuem para a justiça e saúde.     Nota-se, nesse cenário, que a educação vem restringindo-se a aprovações em um concurso, quando o ideal seria que ela direcionasse o desenvolvimento dos indivíduos enquanto pertencentes à uma comunidade, para que por ela partilhassem responsabilidades. Faz-se necessário, portanto, que as instituições de ensino públicas e privadas insiram o ensino de cidadania em seus cronogramas letivos. Para tanto, elas devem poder contar com o apoio dos Governos dos Estados, recebendo deles os recursos necessários para que seja possível encaminhar estudantes para colaborar em projetos sociais no qual possam reconhecer, nas atividades que exercerem, a efetividade das suas ações no ambiente em que vivem.