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Enviada em: 22/08/2017

De acordo com Jaime Ginzburg, professor e crítico literário, a sociedade brasileira possui uma violência constitutiva, ou seja, ela é formada com base no conflito. Nesse âmbito, a escravidão dos povos africanos, a colonização mercantilista, o coronelismo, as oligarquias, somadas a um Estado caracterizado pelo autoritarismo burocrático, são fatos que comprovam a origem histórica desse fenômeno. Dessa forma, torna-se indispensável que seja adotada uma postura por parte dos órgãos públicos para tratar essa realidade social do país.     Para o sociólogo alemão Karl Marx, as dificuldades sociais são fabricadas pelas relações econômicas desiguais existentes no sistema capitalista. A vida social produz e reproduz, em diferentes níveis, uma multiplicidade de relações contraditórias, por exemplo, a desigual distribuição de renda existente, que, por sua vez, são responsáveis pela manutenção das desigualdades sociais. Diante do exposto, torna-se indubitável que as diferenças sociais são um agravante da violência existente, uma vez que apenas uma pequena parcela da população tem acesso às melhores condições de vida. Além disso, a ingerência estatal frente a essa problemática corrobora para que a mesma persista intrínseca a sociedade, uma vez que as políticas públicas atuais são insuficientes para prover os direitos básicos de vida a todos os cidadãos, tais como saúde, educação, alimentação e moradia digna.     Por outro lado, urge salientar a marginalização social que ocorre no país. Desde a criação dos cortiços, durante a República Velha, a população negra, em sua maioria, encontrava-se em estado de pobreza e exclusão social, sendo vista como composta por criminosos. Hodiernamente, essa visão é repetida pelos órgãos estatais de segurança pública, aliada ao preconceito pertencente a uma parte da população, o qual associa o negro a um criminoso. Por consequência dessa prática, muitos jovens são mortos em áreas carentes por policiais ou em confrontos de facções criminosas rivais. De acordo com dados da Anistia Internacional, ocorreram 30 mil assassinatos de jovens no país em 2012, sendo 77% negros, o que reforça a realidade violenta das comunidades mais humildes.   Logo, torna-se evidente que a violência é um problema atrelado a questões históricas e culturais do Brasil, o qual necessitada de soluções. Cabe ao Governo Federal, em parceria com o Ministério do Desenvolvimento Social, promover políticas públicas que amenizem a desigualdade econômica no país, por exemplo, com a criação de mais empregos, por meio de isenção de impostos a empresas. Além disso, cabe ao Ministério da Educação, alterar a grade curricular de ensino, com a inserção de matérias que trabalhem o senso crítico do aluno, como sociologia e filosofia.  Por fim, a mídia, como veículo de comunicação, através de propagandas governamentais, deve instigar denúncias por parte do povo.