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Enviada em: 30/05/2018

A exploração do trabalho infantil foi uma das marcas da Revolução Industrial a partir do século XVIII. Vistos como de obra barata pelo capitalismo burguês, as crianças eram submetidas às péssimas condições de trabalho nas fábricas e desviadas das suas infâncias. Entretanto, mesmo após dois séculos e com os avanços dos direitos civis nesse âmbito, o trabalho infantil ainda é uma realidade no mundo contemporâneo, inclusive no Brasil. Sob essa ética, é preciso destruir as bases da problemática, que envolvem sobretudo a pobreza e os ideários equívocos acerca do trabalho que ainda permeiam as famílias brasileiras. A ideia de que "o trabalho dignifiva o homem", de Benjamim Franklin, nunca esteve tão presente nas classes agrárias no decorrer da história do Brasil. Nesse contexto, atribuia-se à força do trabalho valores de honra e de crescimento físico e espiritual. Sendo assim, boa parte das famílias instigavam seus pequenos ao trabalho, vendo neste uma forma de desenvolvimento e de adaptação para o futuro. Todavia, essa visão, culturalmente enraizada na sociedade, tende a interferir nos direitos fundamentais das crianças de hoje, pois afastadas da educação e das brincadeiras, não conseguem se desenvolver verdadeiramente. Ademais, o trabalho infantil muitas vezes é visto como uma forma de sobrevivência. Um grupo familiar com uma renda "per capita" baixa, por exemplo, não consegue viver bem com todos seus direitos sociais garantidos, o que inclui alimentação de qualidade e moradia adequada. Dessa forma, a criança perde sua infância ao se direcionar ao trabalho informal em uma tentativa de ajudar os pais no sustento da casa. Isso reflete sobre os dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), que revelam que 51% das crianças de baixa renda pertencem ao grupo dos indivíduos economicamente ativos, o que pressupõe que a pobreza ainda é uma base muito sólida do trabalho infantil. Nessa perspectiva, é preciso voltar-se para as causas do impasse e, assim, garantir que a proteção às crianças e aos seus direitos ocorra de forma efetiva. Dessa maneira, o Governo Federal pode atentar para o fortalecimento do programa "Bolsa Família", através de maiores investimentos nesse projeto. Essa medida, voltada para o combate à pobreza, contemplaria um maior número de famílias de classe baixa, de modo que as crianças não precisem trabalhar para complementar a renda da casa. É essencial também que instituições de ensino e associações comunitárias promovam palestras para as famílias, discorrendo sobre a importância da educação e da infância, a fim de desenvolver uma consciência crítica acerca do trabalho infantil e, portanto, evitar que os pais exponham seus menores a qualquer ofício. Assim, será possível cuidar daquelas que são o futuro da nação, as crianças.