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Enviada em: 12/09/2017

Personagem de um famoso conto infantil, Rapunzel era subordinada aos interesses pessoais doentios de uma bruxa e tinha seus direitos e parte da sua liberdade privados. Fora da obra literária, porém, pode-se inferir que o governo é a personificação da feiticeira e o jovem brasileiro mais pobre da Rapunzel, pois está à mercê de atitudes governamentais que apenas mascaram a origem do problema em questão. Nesse aspecto, depreende-se que o trabalho infantil possui precedentes inexplorados e que precisam ser, urgentemente, sanados.         É fundamental salientar que as famílias das classes mais baixas possuem uma maior tendência de utilizar os filhos para o complemento de renda. Isso ocorre por conta da injusta distribuição de faturamentos no Brasil que concentra a maior parte da riqueza para a menor parcela da sociedade e, consequentemente, gera prejuízos para os mais pobres. Nessa perspectiva, os ricos, que representam apenas 0,9% de todo corpo social brasileiro, detém mais de 50% de toda riqueza do país, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios. Dessa forma, a desigualdade conduz, por força da necessidade de sobrevivência, famílias inteiras ao trabalho, incluindo as crianças.         Além disso, como se não bastasse perder a infância para trabalhar, os pequenos correm sérios riscos de ter seu futuro comprometido. Em virtude da extensa jornada de trabalho conferida a alguns deles, o direito à educação, garantido pela Constituição de 1988, opõe-se aos interesses econômicos dos familiares. Nesse contexto, centenas de crianças param de frequentar a escola e, por conseguinte, sua vida profissional estará limitada a um serviço pouco qualificado e com baixa remuneração. Contudo, é válido ressaltar que a imposição do núcleo familiar sobre o menor é fruto, justamente, da falta de atenção do governo em relação a essa parte da sociedade que sofre com a discrepância social e que não possui recursos suficientes para subir de patamar econômico.       Evidencia-se, portanto, que as avarias no dimensionamento de bens, pelo governo, constitui-se como a maior preliminar para o acometimento do uso da mão de obra infantil nas classes sociais onde há maior índice de defasagem econômica. Logo, para assegurar que a distribuição de renda tenha uma melhora significativa, faz-se necessário a criação de medidas governamentais que viabilizem o equilíbrio dos impostos. Dentre as medidas, destacam-se a fiscalização da distribuição e a equidade das tarifas, para que as grandes fortunas estejam na mesma proporção que as baixas aferições monetárias. Destarte, se as providências forem tomadas, o jovem e o governo passarão — mesmo que minimamente — do lado obscuro do conto de fadas da Rapunzel para uma prospecção positiva.