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Enviada em: 27/07/2018

O leitor liberto  A "pré-história" é assim denominada devido a ausência de um conjunto específico de signos universais à determinada comunidade, que exprimissem, em conjunto, a transmissão de uma linguagem escrita. Têm-se, portanto, o conceito de que a história inicia-se a partir do surgimento da linguagem. Ao fato, as primeiras estratégias de compartilhamento das informações deram-se a partir da oralidade e, posteriormente, pela transcrição das leis em papiros e códices. Todavia, a leitura era atividade exclusiva de filósofos, aristocratas e clérigos, denominados escribas, haja vista que tal atividade é uma forma de libertação e tomada de consciência, características indesejáveis à estrutura política da antiguidade.        Evidentemente, tanto a leitura quanto a escrita são processos de expressão da cidadania, visto que enveredam à criticidade ou, como definia o filósofo Kant, à maioridade intelectual. Tal fato é comprovado cientificamente pela neurolinguística: os índices mais expressivos de desenvolvimento da inteligência são advindos da linguagem e de suas especificidades. Na leitura, por exemplo, o indivíduo utiliza várias áreas encefálicas, responsáveis pela imaginação, visualidade, oralidade e memória, fortalecendo às conexões sinápticas e criando intertextualidade entre a realidade física e o pensamento, em um paralelismo virtual.        Consoante a isso, a leitura é a base sustentadora da democracia. Historicamente, têm-se o exemplo da sociedade romana, berço da primeira república do mundo, devido à criação de uma Constituição,  idealizada por senadores, talhada em códices e conhecida como "Lei das 12 tábuas", pela qual extinguia-se a modificação indiscriminada da legislação, visando o favorecimento da elite - os patrícios. Tal função permanece na atualidade, pois, uma população que não desenvolve contato com a sua Constituição e com o pensamento de seus representantes é fagocitada por discursos enviesados por  ideologias alegóricas, estando reclusa em sua eterna menoridade, como em um sistema escravista.        Logo, a leitura é uma essencialidade ao indivíduo para que este consiga posicionar-se perante sua comunidade, bem como distinguir-se dos demais. Tal atividade deve ser estimulada desde a infância através dos pais, da escola e do Ministério da Educação e Cultura, pela da oferta de obras clássicas e contemporâneas, adequadas à idade da criança. Soma-se à necessidade da criação de campanhas, pelas ONGs, visando o barateamento e a doação de livros, que são caros em demasia, impossibilitando o acesso de grande parte da população. Também, o compartilhamento dos mesmos entre leitores é uma notável estratégia de popularização da leitura e deve ser estimulado pelas mídias, haja vista que, como dizia Drummond, "a quem sabe mergulhar numa página, o trampolim se oferta".