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Enviada em: 01/04/2019

Segundo o filósofo prussiano Immanuel Kant, a educação é responsável pela formação do indivíduo como um todo, sendo primordial em seu processo de criação da identidade. Por conseguinte, é indubitável que a leitura tem um poder incontestável na retenção de conhecimento e na aprendizagem, algo fundamental para o desenvolvimento do cidadão. Entretanto, o Brasil enfrenta um grande empecilho em relação ao analfabetismo funcional, intimamente ligado às discrepâncias socioeconômicas vigentes na sociedade. Nessa perspectiva, é impreterível a necessidade de uma intervenção governamental com o fito de mitigar as barreiras do conhecimento e facilitar a inserção do cidadão como ser pensante.        A princípio, cabe ressaltar que, de acordo com o Indicador de Alfabetismo Funcional – Inaf-, cerca de 38 milhões de brasileiros são analfabetos funcionais, ou seja, não apresentam integralmente o domínio sobre a língua portuguesa, tendo fortes dificuldades na interpretação de textos e na escrita. Essa realidade está associada à desigualdade existente no país, fortemente atrelada às regiões marginalizadas como favelas e periferias. Desse modo, a leitura torna-se uma chave fundamental na jornada de alfabetização do brasileiro, fazendo com que o indivíduo desenvolva gradativamente o senso crítico e a capacidade de interpretação textual, independente do ambiente que esteja inserido.       Outrossim, sabe-se que na obra “A Revolução dos Bichos” do escritor inglês George Orwell, existe uma forte ligação entre a falta da capacidade de leitura com a fácil manipulação das massas, retratada por meio da fábula animalista, em que animais foram inseridos numa ditadura, na qual foram fortemente manipulados, pois muitos não sabiam ler e por isso acreditavam em tudo que lhes era dito. Dessa forma, em analogia ao cenário brasileiro, é perceptível que a leitura é uma ferramenta insubstituível na formação de opiniões e seu déficit pode acarretar no surgimento de uma população manipulável pelas grandes corporações de poder, tais como o governo e a mídia.        Infere-se, portanto, a necessidade de buscar soluções viáveis para essa problemática. Para isso, é de suma importância que o Governo Federal, em parceira com empresas privadas, busque criar um projeto que insira a leitura na grade curricular comum do brasileiro, desde os primeiros anos da alfabetização escolar, utilizando obras nacionais e internacionais que incentivem os alunos na valorização do conhecimento, visando promover gerações mais instruídas e com forte senso crítico. Ademais, cabe ao Ministério da Educação criar um centro de leitura em regiões marginalizadas, buscando a democratização do conhecimento, para que no futuro a premissa kantiana deixe de ser um sonho, para se tornar uma realidade.