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Enviada em: 21/04/2019

Intimamente relacionada ao desenvolvimento intelectual e à assimilação de conhecimentos diversos, a prática da leitura sempre foi a conexão entre o indivíduo e a sociedade, de modo a promover a sua formação cultural. Contudo, o hábito da leitura e seu poder de transformação no Brasil encontra impeditivos que refletem uma das contradições mais perversas de uma sociedade em desenvolvimento, o que se deve a fatores como negligência acadêmica estatal e estrutura familiar frequentemente frágil. Dessa forma, deve-se analisar as vertentes que englobam essa inadmissível realidade.       Convém analisar, a princípio, como uma estrutura educacional inflexível vai de encontro ao incentivo da leitura. Nesse sentido, o renomado educador Paulo Freire ressalta a importância de a escola considerar elementos próprios da vida cotidiana de seus participantes. Porém, contrariando essa lógica, o currículo básico da escola contemporânea, embasada no tecnicismo alienante, muitas vezes, não contempla aspectos importantes, como o contato inerente dos indivíduos com as plataformas digitais - com uma miríade de leituras - e os gostos individuais de leitura dos jovens, o que, de fato, não incentiva o ato de leitura como agradável e passível de preconização no tecido social.         De outra parte, é válido ressaltar também que o meio familiar, por vezes, mostra-se como campo fértil para a inibição de uma cultura de apreço pela leitura. Partindo desse pressuposto, de acordo com o filósofo Schopenhauer, os limites do campo de visão de um indivíduo determinam seu entendimento a respeito do mundo. Nesse contexto, o seio familiar imerso em um panorama social alheio ao senso crítico e cada vez mais alienado frente aos meios de comunicação de massa, como os canais de TV aberta, não favorece uma convergência de seus indivíduos para a prática leitora, extremamente importante para desenvolver o raciocínio e romper as amarras da manipulação.       Logo, é imprescindível a formação de uma sociedade que valoriza e transmite uma cultura de leitura. Para que se reverta o cenário problemático atual, portanto, fica a cargo do Ministério da Educação, por meio da alteração da base curricular do ensino fundamental e médio, abranger e trabalhar com as diversas fontes de leitura, adaptando o conteúdo a cada série. Isso seria efetivado por meio da realização de oficinas periódicas de informática e de leituras de acordo com os gostos individuais e teria como objetivo incentivar a leitura dos jovens, de modo a desenvolver o senso crítico e dissolver o tecnicismo alienante presente na estrutura educacional brasileira. É imprescindível, ainda, a realização de palestras e reuniões envolvendo pais e alunos, com o fito de envolver o meio familiar na prática da leitura. Quem sabe, assim, poder-se-á transformar uma sociedade desenvolvida socialmente, longe de contradições perversas que refutam uma atividade tão importante para a formação cultural.