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Enviada em: 15/09/2017

A leitura como ferramenta social       "O verdadeiro analfabeto é aquele que sabe ler, mas não lê". Frase atribuída ao poeta e jornalista brasileiro, Mario Quintana, evidencia de modo atemporal a importância da prática da leitura. De fato, esta, além de encontrar-se intrinsecamente ligada a evolução filosófico-científica, foi a base de grandes transformações no decorrer da história, apesar de ainda encontrar entraves em seu processo de democratização.       A maior dádiva da leitura é a formação crítica dos indivíduos, uma vez que estes, ao terem acesso ao conhecimento, passam a contar com um maior nível de emancipação intelectual. Nesse contexto, o hábito de ler figura como uma prática desalienante, auxiliando a formação de cidadãos mais social e politicamente engajados, capazes de agir e intervir conscientemente. Passa-se, então, por meio da leitura, a obter reflexos positivos tanto na vida individual — com um maior conhecimento a respeito de seus direitos e deveres —, quanto na coletiva — a exemplo da busca por melhorias nos serviços públicos.       Por outro lado, antes de se chegar a tais resultados, é preciso não apenas expandir o interesse pela leitura, como também garantir seu acesso àqueles que enfrentam alguma dificuldade em exercê-la. Veridicamente, apesar não haver limitações jurídicas ao ato de ler, este encontra na desigualdade social um obstáculo, já que indivíduos economicamente desfavorecidos têm menos condições de obterem livros e ebooks, além de, muitas vezes, não poderem contar com o ócio necessário para isso. Ademais, há para muitos também um obstáculo de linguagem, já que cerca de 13 milhões de brasileiros ainda sofrem com o analfabetismo (segundo pesquisa do IBGE do ano de 2014), deixando-os em um quadro de marginalização.       Para que, então, supere-se os obstáculos que impedem a plena globalização da leitura, em prol da construção de uma sociedade mais consciente e engajada, faz-se necessário, por exemplo, o estímulo a essa atividade, por intermédio da parceria Estado-midiática e com o uso dos diferentes tipos de canais comunicativos — televisão, rádio, internet e outdoors — para persuadir a população. Além disso, tornar-se-ia eficaz a implementação de um programa que visasse atingir a população mais pobre e através do qual possa-se incluir crédito exclusivo para compra de livros nos programas de transferência de renda. Tudo isso, unido a uma maior difusão do hábito de ler nos ciclos escolares e à retomada de projetos alfabetizadores pelo Ministério da Educação, confluirá para melhor difundir o poder de transformação da leitura no corpo social brasileiro.