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Enviada em: 24/04/2018

No conto ''O Grande Passeio'',a modernista Clarice Lispector critica,por meio da trajetória desumana de Mocinha durante sua velhice,a desvalorização do idoso na sociedade brasileira.De fato,ao analisarmos que embora o aumento da longevidade represente a melhoria na qualidade de vida,também denuncia a exclusão do idoso do protagonismo social.Destarte,haja vista a contribuição indiscutível dessa parcela da população para o país,a cidadania na maioridade deve ser garantida.    Convém ressaltar,a princípio,que não há uma cultura que receba o idoso como parte fundamental da constelação familiar.Em decorrência disso, a negligência de cuidados para com os mais velhos é observada não só na violência física e emocional,mas também no abuso patrimonial.Assim,essa ambiência gera a coisificação desses indivíduos e fortalece a gerofobia no país,fato que impede a urgente ressignificação da velhice.    É elementar afirmar,ainda,que a desvalorização das potencialidades do idoso possui raízes na óptica capitalista,a qual o enxerga como sujeito improdutivo.Prova disso é a predominância de cargos que supervalorizam a máxima funcionalidade do corpo,o que resulta na segregação socio-espacial e,por conseguinte, na perda de autonomia.Essa conjuntura traduz como,de acordo com Simone de Beauvoir,a ineficácia das políticas públicas para a inclusão do idoso tornam-se grandes desafios.    Faz-se necessário,portanto,que a obrigatoriedade por parte da iniciativa privada em oferecer vagas de emprego que respeitem e ressaltem as capacidades da terceira idade,no fito de garantir a manutenção da autonomia e evitar abusos como os supracitados.Além disso,as delegacias,em parceria com assistentes sociais,devem ampliar e elaborar novos canais de denúncia e realizar visitas regulares às casas de repouso,no intuito de prevenir e impedir a violência contra o idoso.Assim,com os simpósios nas empresas e escolas que irão auxiliar na construção de uma cultura de cuidado e respeito,casos como o de Mocinha ficarão restritos à literatura