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Enviada em: 03/09/2018

Quando no século XIX, época de grande avanço do racionalismo, o escritor britânico Oscar Wilde proferiu a frase, “O primeiro passo é o mais importante na evolução de um homem ou nação”, não imaginava a sua relevância na atualidade. Isso porque, hodiernamente, a desvalorização dos idosos e o desalento em relação a medidas que busquem atenuar esse quadro demonstra uma necessidade latente na sociedade civil: sair da inércia. Em vista disso, é imprescindível uma análise mais abrangente em relação ao tratamento negligente e preconceituoso de que muitos idosos são vítimas.       Convém ressaltar, primeiramente, que os  mais velhos sofrem cotidianamente com a omissão de seus direitos. Uma vez que, atualmente, não há uma preocupação com a capacidade de integração social/funcional e com o bem estar dos idosos. De modo que a infraestrutura das cidades não tem a menor diligência em relação às necessidade da terceira idade, tendo em vista, por exemplo, as recentes reportagens feitas pelo G1, no qual foi demonstrado calçadas com difícil acesso e falta de sinalização nas estradas, fazendo com que os mais velhos percam a pouca autonomia que lhes resta. Não bastasse isso, a própria saúde pública, por ser de péssima qualidade, não garante um bom tratamento aos idosos, forçando-os a gastarem os baixos salários que ganham como aposentadoria.    Outrossim, perpetuasse uma visão estereotipada do idoso como alguém sem importância na sociedade. Sem dúvida, a construção dessa imagem de inutilidade que os mais velhos carregam é construída na base da estrutura social. Desse modo, a família, por formar cidadãos sociais, tem uma importância na construção da visão de mundo do indivíduo, visto que as relações sociais tendem a formar o caráter do cidadão. Nesse sentido, para o sociólogo Émile Durkheim, o fato social, por ser a maneira coletiva de pensar e agir, exerce uma pressão coercitiva sobre o indivíduo. Logo, se uma criança fizer parte de uma agremiação que desvaloriza a figura do idoso, ela tenderá a adotar esse comportamento pela vivência em grupo.    Urge, portanto, a proeminência de medidas para esse revés. Em primeiro lugar, cabe à escola e às ONGs, em parceria com as famílias, demonstrar aos mais jovens, mediante palestras, discussões e projetos educacionais, a importância do idoso para a sociedade, a fim de que saibam que os mais velhos têm muito conhecimento de mundo para ser transmitido. Ademais, compete ao Estado cumprir com a sua função de agente social, melhorando as infraestrutura das cidades, condicionando uma saúde pública de qualidade e, também, salários dignos de aposentadoria , tendo em vista condicionar uma condição digna de vida à terceira idade. Assim, o primeiro passo será dado e haverá a dissolução desse revés danoso à integração e ao bem estar dos idosos dentro da sociedade.