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Enviada em: 29/09/2018

Na Grécia Antiga, os povos helênicos temiam e rejeitavam a velhice, pois o vigor da juventude era muito valorizado. De modo análogo, no Brasil hodierno, a discussão em voga acerca da valorização da terceira idade demonstra que a percepção da importância desses indivíduos na comunidade a qual estão inseridos ainda é insuficiente para lhes garantir uma condição de vida digna. Nessa conjectura, a concepção comum de que uma pessoa de idade avançada não contribui para o avanço econômico do país e o descaso governamental estão diretamente relacionados à problemática.      Em primeira análise, destaca-se que os aposentados — constituídos hegemonicamente de idosos — são classificados como população economicamente inativa. Tal caracterização, em uma sociedade pautada em interesses subjetivos e financeiros, contribui para que uma grande parcela da população mantenha a ideia de que as pessoas mais velhas são incapazes de contribuir para o desenvolvimento do Estado. Dessa forma, de acordo como conceito de ação social tradicional do sociólogo Max Weber de que as ideologias arraigadas são prejudiciais às interações entre os cidadãos, a permanência desse cenário coloca à margem os idosos do contexto nacional e corrobora para que seja mantido o preconceito e discriminação com esse público: sintomas de um quadro de patologia social.      Ademais, ressalta-se que governantes brasileiros adotam políticas que demonstram o desinteresse com as pessoas de idade avançada. Uma evidência desse fato é a Proposta de Emenda Constitucional 241 que, além de limitar os investimentos em setores básicos como a saúde, estabelece o remanejo financeiro para possibilitar mais recursos a determinada área. Nessa perspectiva, a Previdência Social e os cidadãos mais velhos, principais usufruidores desse benefício, são prejudicados por essas diretrizes, pois a PEC viabiliza o corte de gastos com a instituição para, por exemplo, manter o investimento na agropecuária. Logo, é evidente que as ações do Estado favorecem a realidade de desconsideração com a terceira idade e influencia esse comportamento nos cidadãos.    Urge, portanto, que ações sejam realizadas para atenuar a problemática. Mormente, cabe aos núcleos familiares, responsáveis por trabalhar os valores éticos entre seus integrantes, desmitificar a ideia de incapacidade dos idosos por meio de discussões em que o tema seja abordado com criticidade e fundamentado nos preceitos do Estatuto do Idoso. Desse modo, o objetivo é mitigar a rejeição da velhice baseada na não contribuição do avanço econômico do país. Paralelamente, o Ministério da Fazenda, aliado ao Poder Legislativo, deve garantir a disponibilidade de recursos à Previdência Social, por intermédio da elaboração de uma política assegurada por lei que impeça o corte de investimentos na instituição. Assim, será possível garantir o amparo financeiro aos aposentados e valoriza-los.