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Enviada em: 28/05/2019

Em uma perspectiva futurística, parece que as projeções sociodemográficas atuais e porvindouras serão similares ao seriado “Supergatas” (Golden Girls, no original), exibido entre as décadas de 80 e 90, e protagonizado por mulheres idosas. Contudo, enquanto na série as protagonistas, mesmo com certa idade, representam ideais de empoderamento, independência e vivacidade, a velhice, no Brasil, caminha para a decrepitude, improdução e dependência. Assim, evidencia-se desafios a população idosa, pautados na urgência de uma inclusão e respeito social pela família, comunidade e governo, e por um sistema político e econômico efetivo.       Inicialmente, é preciso apontar que a sociedade encontra-se despreparada para atender a população idosa. Conforme François Chateaubriand, a velhice, outrora tratada como uma divindade, é hoje, um peso. Tal pensamento, resume a trajetória dos idosos, marginalizados pela família e sociedade que os encara como um fardo, além de agredi-los física e psicologicamente. Entretanto, nada disso representa uma velhice sadia, na qual homens e mulheres conseguem ser produtivos e exemplos para as gerações futuras. São, porém, exceções. A rigor, todo traço negativo na velhice é adquirido justamente pela falta de oportunidades, inclusão e desenvolvimento pessoal negado pela sociedade e por sua cultura obcecada por juventude.          Ademais, uma política e legislação incipiente também problematiza a questão. Afinal, mesmo com a criação do Estatuto do idoso, em 2003, percebe-se que sua atuação é limitada. Isso pode ser visto pelo Centro de Atenção e Prevenção à violência contra a pessoa idosa (Ciappi) revelando um crescimento de 203% em atos violentos. Outrossim, a questão econômica e a redução da população economicamente ativa preocupam. É evidente, que o conceito de Envelhecimento Ativo, proposto pela OMS precisa ser enfatizado e efetivado, pois os idosos são capazes de contribuir para economia e evitar qualquer desbalanço. Todavia, as empresas e o própria governo limitam sua participação, evitando empregá-los ou afastando-os através de uma aposentadoria compulsória.         Por isso tudo, é preciso garantir a população idosa condições adequadas de empoderamento. Cabe as escolas, junto a ONGs e fundações preparar as famílias e a comunidade para o confronto com a velhice através de ações educativas e palestras voltadas ao respeito e a desconstrução da velhice e impotência. Por outro lado, o governo precisa promover efetiva proteção aos idosos, estimulando mediante campanhas denúncias de casos de violência e penalizando severamente os responsáveis. Finalmente, as empresas e o próprio governo, por meio de projetos e programas, devem estimular a reciclagem desses veteranos no mercado de trabalho, respeitando seus interesses e sua condição.