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Enviada em: 07/08/2019

No livro "A velhice", publicado em 1970, a filósofa francesa Simone de Beauvoir, aborda a negligência em que os idosos vivenciaram ao longo das transformações sociais. Fora da obra, é fato que essa problemática permanece no Brasil, tendo em vista a desvalorização dessa faixa etária pela coletividade hodierna. Nesse sentido, deve-se analisar maneiras para minimizar esse impasse, que além de persistir devido a imprudência do Estado, também resulta da falta de cautela por meio da família.       Em primeira análise, salienta-se entraves por parte do poder governamental para garantir o bem-estar dos idosos. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apesar de o país possuir cerca de 28 milhões de pessoas nessa faixa etária, 76% das cidades ainda não apresentam estruturas adequadas a esses cidadãos. Tais dados revelam as deficiências do sistema geriátrico, refletidas no transporte público, atendimento médico e falta de interação social. Assim, é inadmissível que em pleno século XXI, o país ainda passe por dificuldades para assegurar qualidade de vida a população senil.         Outrossim, ressalta-se ainda a própria dinamicidade do mundo contemporâneo como responsável por comprometer a vida da terceira idade. De acordo com o sociólogo Zygmunt Bauman, as pessoas estão se tornando cada vez mais individualistas, e por conseguinte, as relações humanas estão sendo desvalorizadas. De maneira análoga a ótica do polonês, enquadra-se a negligência do corpo social com seus familiares senis, que por possuírem dificuldades para realizar atividades básicas devido à idade, como locomoção, necessitam de auxílio, além de atenção e afeto para se sentirem bem. Todavia, tais necessidades não são supridas pela densidade demográfica, o que comprova que Bauman estava certo.       Infere-se, portanto, que o Estado tome providências para minimizar o quadro atual. Assim, urge que prefeituras, por meio de verbas governamentais, invistam em melhorias nos centros urbanos, com o fito de assegurar os direitos dessa faixa populacional previstos no Estatuto do idoso. Ademais, a escola, como entidade responsável por contribuir com a formação social dos cidadãos, promova ações interativas entre alunos e pessoas mais velhas, por meio de rodas de conversa que debatam sobre a necessidade do respeito e atenção aos idosos com o auxílio de pais e professores. Espera-se com isso, fomentar vínculos sociais e afetivos nas gerações futuras, com o fito de promover a valorização dos idosos. Somente assim, será possível mudar a realidade acerca do tratamento dessa grande parcela populacional retratada por Simone de Beauvoir.