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Enviada em: 15/08/2019

"Em sua obra "O Velho e o Mar", o escritor norte-americano Ernest Hemingway descreve a história de um velho pescador que limitado pela idade avançada, vê-se excluído da sua comunidade, mostrando-dentre outros aspectos- as dificuldades enfrentadas devido a esse impasse. No Brasil contemporâneo, os idosos estão submetidos a desafios tão grandes quanto o personagem de Hemingway, impedindo a procedência cidadã de grande parte dos indivíduos da terceira idade. Urge analisar, portanto, como a negligência estatal e o individualismo têm sido alicerces da problemática.   É relevante enfatizar, a princípio, que embora seja um direito defendido pelo Estatuto do Idoso, a saúde desse grupo dispõe de péssima assistência estatal. Isso ocorre em razão da inexistência de uma elaboração planejada dos recursos financeiros governamentais para contribuir na área da saúde, pois, além da falta de Centros de Apoio Psicossocial (CAPS) em diversos municípios, há escassez e má distribuição de médicos especializados na área. Desse modo, corrobora-se a ineficiência do SUS na manutenção preventiva do bem-estar do ancião, o que expõe a saúde deles a graves patologias, sobretudo psíquicas. Assim, enquanto a disciplência do poder público for a regra, a promoção do bem-estar será exceção.   De outra parte, a indiferença presente em substancial parcela da sociedade é um obstáculo a qualidade de vida do idoso. A esse respeito, no final do século XX, a Terceira Revolução Industrial possibilitou a consolidação de uma nova ideologia na sociedade - a Lógica de Mercado- que tem como princípio básico a geração de lucro. Nesse sentido, os idosos são excluídos do mercado de trabalho por não apresentarem potencial poder de geração de renda e consequente lucro para a empresa. Dessa maneira, muitos indivíduos da terceira idade sofrem violência física e maus tratos no próprio ambiente familiar por serem considerados dispensáveis e improdutivos. Com efeito, favorece-se a redução gradual do sentimento de dignidade deles, o que deve ser combatido.   Evidencia-se, portanto, que otimizar a atuação do poder público e da sociedade na promoção da saúde e da dignidade do idoso faz-se indispensável. É necessário que cidadãos engajados, em parceiria com ONG´s e sindicatos, realizem protestos que reinvidiquem ao Ministério da Saúde a ampliação do número de CAPS e melhor remuneração de geriatras que atuem em áreas críticas do país, a fim de que a assistência do SUS aos idosos seja reforçada. Ademais, as mídias televisiva, impressa, digital e radiofônica precisam divulgar propagandas que esclareçam a importância de valores como solidariedade e paciência no convívio com anciãos, para que haja valorização coletiva e respeito a integridade deles. Assim, aos poucos, os idosos poderão desfrutar de uma realidade pautada na cidadania.