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Enviada em: 20/05/2017

Sardas e espinhas sociais    Durante a primeira metade do século XIX, a principal manifestação literária em terras nacionais era o romantismo, marcado por estilo simples e idealizações da terra e dos habitantes do Brasil, seguindo uma "receita açucarada" para atrair a nova classe burguesa de leitores. Uma obra, porém, destaca-se: "Memórias de um Sargento de Milícias" apresenta o primeiro "malandro" brasileiro, Leonardinho Pataca. Quando analisamos a pós-modernidade, por outro lado, observamos que retratos caricaturais de nossa sociedade e de nosso povo são, na verdade, espelhos que refletem a necessidade de discutir a desonestidade e indiferença crescentes.     Antes de tudo, é fundamental compreender que debruçar-se sobre a ética brasileira vai além da mera crítica à corrupção. Recorrendo ao passado histórico de nosso país, é possível apontar a grande confluência de diversas culturas, hábitos e formas de entender o mundo, formando um rico patrimônio de identidade. A fusão sociocultural, contudo, foi de contramão à ideia de respeito e retidão: resquícios preocupantes de preconceitos em suas mais variadas esferas colocam em xeque a compreensão da diversidade e a liberdade de expressão individual.     A banalização de nossos problemas éticos, no que concerne à violência física ou simbólica, por exemplo, é problemática que se soma às existentes. Inerte, o brasileiro acostumou-se à reclamação isolada, em detrimento da ação efetiva em prol da luta contra um status quo em que entende-se por desonestos atos em escala política, mas aplaude-se métodos cotidianos de driblar a lógica das normas e leis. Um país de "Leonardinhos" há muito mostra sinais de crises de caráter e representatividade coletiva.     Sendo assim, frente a tal questão, é necessário, segundo linguagem machadiana, que não fechemos os olhos às sardas e espinhas sociais. Dessa forma, urge que as escolas e as famílias dialoguem e promovam debates com jovens e crianças, de maneira a estimular o senso crítico e a noção de responsabilidade social. ONGs, por sua vez, podem realizar campanhas interativas, envolvendo direta e ativamente a comunidade. Por fim, a mídia deve promover propagandas inteligentes, que conclamem o indivíduo a posicionar-se frente à ética do Brasil. Com muito esforço e apoio de todos os grupos sociais, é possível buscar construir respeito, tolerância e honestidade.