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Enviada em: 10/06/2017

O operário em construção       Émile Durkheim, importante pensador europeu, definiu a existência de dois tipos de sociedade: enquanto a primeira caracterizaria uma realidade pré-capitalista, na qual o indivíduo é reconhecido por suas relações de parentesco, a outra seria típica de um status quo posterior à estruturação do capitalismo, que apresenta os homens através de suas características trabalhistas. Na contemporaneidade, o indivíduo continua sendo definido pelo trabalho que exerce, fator que ocasionou novos tipos de desigualdade e de exploração social.      Antes de tudo, é importante compreender que o contexto observável na atualidade deriva de construções socioculturais antigas e solidificadas no imaginário individual. O passado das mais diversas sociedades é a história de preconceitos e de  exclusão, elementos responsáveis pela manutenção e concentração de poderes nas mãos de uma minoria gananciosa. Vinícius de Moraes já refletia sobre essa questão em seu poema "O operário em construção", versando sobre um trabalhador que descobre não ter acesso a nada que um dia produziu. As relações trabalhistas, assim, refletem um abismo entre setores coletivos e decorrem de velhas máculas veladas, com a nova roupagem da modernização.        A globalização, fenômeno amplamente debatido, sinalizou, por um lado, a evolução de técnicas e da disseminação de informações, mas acentuou, por outro, a "exclusão dos excluídos": os grupos sociais que já estavam à margem assistiram ao aumento de sua opressão. Como exemplo, podemos citar a persistência da escravidão por dívidas no Brasil, atrelada ao trabalho no campo, questão que evidencia a manutenção de estruturas arcaicas sob o disfarce do "novo".        Fica clara, assim, a necessidade de críticas e mudanças nas questões trabalhistas existentes. Nesse sentido, escolas e famílias devem investir desde cedo no estímulo do senso crítico de jovens e crianças, proporcionando o questionamento de problemas, reivindicação de direitos e cumprimento de deveres. ONGs podem continuar a conceder ajuda a trabalhadores em situações precárias, além de denunciar violações ao poder público. Através de responsabilidade social e cooperação, podemos reverter a situação do operário de Vinícius de Moraes e pautar as relações sociais e trabalhistas por respeito e equidade.