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Enviada em: 17/06/2017

A Roda Viva do século XXI       Heráclito de Éfeso, filósofo pré-socrático, defendeu, na Antiguidade, a teoria do mobilismo. Afirmando existir um "devir incessante", o pensador já atentava para as mudanças profundas que as sociedades humanas poderiam sofrer. Contemporaneamente, observamos uma indubitável evolução tecnológica, que revela sua ambivalência: se, por um lado, os avanços informacionais ampliam as liberdades individuais e coletivas, tornam, por outro, o indivíduo refém de um mundo que criou.       Em uma de suas entrevistas, Paulo Coelho, importante escritor brasileiro, declarou que a Revolução Tecnológica é um caminho sem volta. De fato, as novas técnicas vêm alterando nossos hábitos e maneiras de entender o que nos cerca. A problemática, contudo, reside na preocupante fusão entre público e privado, elementos que compartilham uma linha divisória que parece tornar-se cada vez mais tênue e indiferenciável. A dialética que envolve a disseminação de informações é um dos fatores que complementam o impasse atual: o fluxo em tempo real mostra-se positivo em aspectos como a democratização do conhecimento, mas também, prejudicial, quando colocamos em questão a excessiva exposição.        Cresce o número de usuários que fazem de seus blogs no Twitter diários pessoais, de pais que publicam fotos detalhadas da rotina de seus filhos e de indivíduos preocupados em manter ou elevar sua popularidade virtual a qualquer custo. A liquidez de relações pessoais é característica típica da atualidade e encontra apoio na dificuldade de reconhecer limites de esferas coletivas. O aumento de casos de preconceito e discursos de ódio nas redes sociais corrobora para que a realidade das tecnologias escorra por entre nossas mãos e fuja de nosso fraco domínio,       Fica evidente, desse modo, a necessidade de reversão do contexto atual. Assim, escolas e famílias podem atuar em conjunto, educando jovens e crianças para que conheçam os limites virtuais e evitem excessiva exposição futura, através de diálogos e debates constantes. ONGs podem trabalhar nas denúncias de crimes nesse ambiente. A mídia pode promover campanhas inteligentes que estimulem o uso consciente das tecnologias. Com esforço coletivo, não deixaremos que o espaço das redes seja a nova Roda Viva de Chico Buarque e leve nosso "destino" para longe de nós.