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Enviada em: 23/08/2017

É usar o poder para deixar viver    Mesmo tendo sido polêmica, a partir de dados do DataSUS, a Lei Seca comprovou-se altamente eficaz na redução de acidentes e casos fatais relacionados à condução de veículos sob o efeito de bebidas alcoólicas. A discussão se voltou para o grau de relevância de doses pequenas na dirigibilidade, já que a lei proíbe quaisquer concentrações etílicas. Cabe a especialistas analisarem a fundo essa proposição, mas o importante é perceber que as consequências desta imposição são ,inquestionavelmente, mais importantes que um "copinho" de cerveja a mais.    A partir do estudo do movimento dos corpos, em Cinemática, é possível concluir a importância do tempo de reação de um motorista.  Sendo um carro a 72 km/h, é percorrido 14 metros no tempo normal de reação , de 0,7 s, mas para motoristas embriagados, que tem a percepção reduzida, tavez o espaço resultante não seja o suficiente. Deste modo, os professores do Ensino Médio têm, em suas matérias, o poder de concretizar as razões da prudência em conservar as vidas.    No entanto, não é de esclarecimento popular os efeitos reais de doses pequenas de álcool e, por isso, muitos vêm a lei como sendo um regulador de vida extremo, a ponto de ser desinteressante. Essa sensação foi amplamente discutida na obra de Michel Foucalt, que estudou a biorregulação a partir de  diversos mecanismos para preservar a vida. Nesse caso, é o Estado impondo aos indivíduos um comportamento para aumentar a manutenção da vida.    Muitos podem não concordar com o método em questão, mas é incontestável a importância da redução em 6,2% das mortes em casos de acidentes rodoviários no Brasil a partir da implementação do projeto. Além disso, foi registrado pelo ISP(RJ) uma queda significativa de 27% nas vítimas de acidente do Grande Rio. Tudo isso gerou uma fundamental redução em gastos públicos e comprova a necessidade do poder da lei como um meio para garantir o direito mais fundamental humano, a vida.     Para a conscientização da população, no que se refere a hábitos, é necessário ampliar a discussão nas escolas sobre os efeitos do álcool no organismo por meio de uma interdissiplinaridade entre a Física, Biologia e as outras matérias que possam agregar conhecimentos ao tema. Com o mesmo fim, faz-se necessária a mobilização de setores que tem contato direto com o público-alvo da lei. É o caso da mídia televisiva que pode, por exemplo, mostrar em telenovelas atitudes responsáveis, como voltar para casa por outros meios de transporte que não o próprio. Por meio dessa mentalidade, não será mais problema deixar de beber antes de condizir um veículo para deixar viver.