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Enviada em: 15/08/2018

A obra "O princípio da responsabilidade", escrita pelo filósofo alemão Hans Jonas, calcava-se na ideia de que os seres futuros exigem, eticamente, compromisso daqueles que os gerarão. Contudo, a postura dos cidadãos brasileiros frente à questão da escassez de água configura-se como um grande obstáculo para a concretização desses preceitos, uma vez que, hodiernamente, há uma utilização desenfreada de tais recursos hídricos, de modo a constituir um grave impasse a preservação ambiental.   Mormente, vê-se que o Brasil é líder mundial em fonte de recursos renováveis. Todavia, na sociedade vigente, diversas lacunas permeiam o abastecimento de água no país, haja vista que a administração pública não disponibiliza verba suficiente para pesquisas acadêmicas que possam criar cisternas que atendam a toda sociedade, e assim, mitigar a escassez. Destarte, é indubitável que a utilização desenfreada desse bem natural pelos setores da indústria e da agropecuária constitui-se como uma das principais causas deste problema, dado que a maior parcela da água disponível é consumida por tais atividades, o que resulta na sua má distribuição para as necessidades diárias da população.   De maneira análoga, a obra literária ''Vidas Secas''de Graciliano Ramos retrata a vida miserável de uma família de retirantes sertanejos, que de tempos em tempos são obrigados a se deslocar para áreas menos castigadas pela seca. Observando-se por esse prisma, vê-se que a estiagem vivenciada em determinadas regiões, com destaque no Nordeste, é advinda da escassez de recursos hídricos nesses locais, provenientes de atividades humanas, a exemplo do desmatamento, que altera o fluxo de umidade e acarreta na falta de precipitação. Lamentavelmente, a poluição também constitui-se como um dos fatores preponderantes deste problema, haja vista que a contaminação de rios e mananciais impossibilita o seu uso e afeta desfavoravelmente as condições de saúde e bem-estar da população.       Em virtude dos fatos mencionados, depreende-se que a problemática urge por medidas interventoras. Isto posto, cabe ao Ministério da Agricultura e Pecuária a implantação de medidas de cunho sustentável, como métodos econômicos de irrigação do solo, a fim de alcançar um pensamento voltado à responsabilidade ecológica nessas atividades. Paralelamente, as gestões municipais, em conjunto com o Estado, devem atuar na recuperação de rios e córregos poluídos, através de investimentos no tratamento do esgoto e retirada dos contaminantes, além da conscientização da população por meio de atividades que integrem a comunidade local e informem sobre a importância da água - uma vez que ações coletivas têm imenso poder transformador sobre a sociedade - com o fito de mitigar o problema do despejo de poluentes nestes locais. Apenas assim, combater-se-á a seca vivenciada nos dias atuais e assegurar-se-á um futuro justo aos seres que virão, tal qual idealizado por Hans Jonas.