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Enviada em: 17/04/2019

Desde 2014, as manchetes dos jornais estampam a latente escassez de água na região sudeste do país. Mas trata-se de uma questão recente no Brasil? Apesar de ter ganhado notoriedade a partir de 2014, com a seca do estado de São Paulo, segundo registros históricos, o problema assola a Região Nordeste desde o século XVI, sendo um dos seus piores casos compreendido entre os anos de 1919 e 1921. Apesar da recorrência, pouco é feito para erradicar o problema, evidenciando, assim, o descaso das autoridades sobretudo com o Nordeste.       Partindo dessa perspectiva, apesar de ter se tornado um problema de comoção nacional apenas quando atingiu o Sudeste, ao longo da história do Brasil, inúmeros casos de seca podem ser revisitados na literatura referente à história. Um desses casos é a seca de 1919-1921, na qual milhares de nordestinos migraram para região sudeste a fim de galgar caminhos os quais os conduzissem para melhores condições de vida e emprego. É em decorrência do problema da seca e suas consequências, como é o caso do êxodo rural, que o imaginário em torno do que é a região nordeste é permeado por preconceitos limitantes de tal modo que fazem o problema da escassez de água aparentar ser da natureza da região, conduzindo, assim ao completo descaso.       Em consonância, o descaso não acontece só pela mídia ou população que diretamente não é atingida, mas também pelas autoridades governamentais as quais dão as costas para o nordeste, fazendo, dessa forma, a tida "indústria da seca" florescer cada vez mais, pois lucram com o sofrimento da população por meio da venda de água nos conhecidos carros-pipa, além de outras medidas paliativas. Embora a transposição do Rio São Francisco, iniciada em 2005, seja um exemplo de medida para erradicar a questão, pois já beneficia alguns estados que sofrem com a escassez, como é o caso de Pernambuco e Rio Grande do Norte, suas obras ainda não findaram, prejudicando, assim, outras cidades que poderiam estar usufruindo do benefício da transposição, mas permanecem sendo vítimas da indústria da seca.       Em resumo, trata-se de um problema antigo e ainda muito presente na atualidade em função do descaso das autoridades competentes. O atual Ministério do Meio Ambiente deveria dedicar parte de sua verba anual à construção de cisternas nas regiões severamente afetadas, dessa forma permitindo o armazenamento de água da chuva para utilidades, como por exemplo, a irrigação, visando, dessa maneira, a melhoria na vida da população que sofre com os males da seca.