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Enviada em: 21/09/2017

O Sertão Vai Virar Mar                       O pintor modernista Cândido Portinari, por meio da obra "Os Retirantes", retratou questões sociais e geográficas relacionadas à seca na região Nordeste. Com esse trabalho, o artista contemplou o movimento migratório realizado por aqueles que fogem dos efeitos do estio prolongado, bem como a miséria deles. Todavia, a má gestão dos recursos hídricos, por agentes públicos e por privados, somada às fracas políticas governamentais referentes ao controle do uso de água, fez com que o problema verificasse-se, também, no Sudeste brasileiro, o que configurou um cenário de crise de abastecimento hídrico.               Primariamente, é válido apontar para o fato de que a estiagem na região Sudeste, em contraponto àquela verificada nos locais de clima semiárido, decorre, em parte, da má utilização das reservas de água. Conforme nota-se, a poluição dos rios e dos lençóis freáticos e o desperdício em atividades agrárias e cotidianas urbanas marcam o cenário nacional de gestão de recursos ambientais. Como corolário, o uso de água potável para irrigar plantações, com métodos não otimizados, e para realizar atividades secundárias propicia o agravamento da crise hídrica.                  De modo complementar, é necessário notar que, à despeito da existência da lei de número 9433, de 1997, que trata da política nacional de recursos hídricos, a problemática da água, no Brasil, é banalizada e que não há investimentos em mecanismos para contornar a situação. Assim, muito embora o documento supracitado diga que "A gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e contar com a participação do Poder Público, dos usuários e das comunidades", os agentes responsáveis demonstram condescendência em relação à questão. Dessarte, como indica o texto da Revista Fórum, acrescido da limitação técnica que obsta a captação de água por fontes variadas, as pessoas limitam-se a aceitar o problema da escassez.               Em síntese, fica posto que a crise hídrica, em território brasileiro, decorre da má utilização de recursos naturais, da inadequação das condutas sociais às leis e da inviabilidade de captar água por fontes alternativas. Dessa forma, visando à redução dos efeitos da escassez, cabe à iniciativa privada investir em tecnologias de dessalinização da água e em pesquisas voltadas ao barateamento do processo. Outrossim, cabe ao Poder Público a tarefa de oferecer benefícios aos produtores agrários que utilizarem métodos sofisticados de irrigação e aos condomínios que adotarem a prática de reutilização de água. Por essas vias, poder-se-á estender a máxima atribuída ao beato Antônio Conselheiro, que trata da situação nordestina, à realidade de todo o território nacional.