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Enviada em: 01/03/2018

Na obra "Vidas Secas", de Graciliano Ramos, é retratada a vida miserável de uma família de retirantes sertanejos obrigados a se deslocarem de tempos em tempos para áreas menos castigadas pela seca. Fora do mundo literário, contudo, os problemas decorrentes da falta de água é uma realidade que permanece intrínseca a sociedade brasileira, tornando imprescindível uma discussão apurada a fim de entender suas causas e elaborar possíveis medidas atenuadoras.     É indubitável que a questão governamental esteja entre as causas do problema. Conforme Aristóteles, a política deve ser utilizada de modo que, por meio da justiça, o equilíbrio seja alcançado na sociedade. De maneira análoga, é possível perceber que, no Brasil, a escassez de água rompe essa harmonia. haja vista que, embora o acesso a tal recurso, de acordo com a ONU, seja um direito humano essencial e o Estado brasileiro seja detentor da maior reserva de água doce do planeta, aproximadamente 12% do total, cerca de 24 milhões de pessoas, só em São Paulo e Minas Gerais, segundo o site de notícias folha.uol.br, sofrem com a sua falta.     Ademais, é fundamental pontuar, ainda, a questão sociocultural como empecilho para a resolução do impasse. Durante a formação do Estado brasileiro, em virtude de sua vastidão, pensou-se que seus recursos hidrográficos fossem infinitos, como ressaltou Pero Vaz de Caminha na primeira carta do Brasil ao rei de Portugal, D. Manuel, assim, ao longo do processo histórico, não ascendeu nenhuma preocupação concernente a utilização desse recurso. Não obstante, hodiernamente, pode-se perceber que, a longo prazo, tal negligência resultou em consequências nefastas para o país e sua população, o que é evidente, por exemplo, na poluição de mares e rios, que impossibilitou o seu tratamento para a reutilização e dificultou a resolução da escassez de água no Brasil.     Portanto, medidas são necessárias para resolver o impasse. Sendo assim, cabe ao Poder Executivo a criação de uma política de irrigação aos locais mais afetados com a seca, como o semiárido nordestino, mediante recursos arrecadados pela Receita Federal. Para mais, é importante também que o Congresso Nacional crie uma emenda constitucional que puna com mais rigor o ato da poluição hidrográfica, a fim de conter esse problema e possibilitar sua reutilização. Por fim, tendo por base a máxima filosófica kantiana de que o ser humano é a expressão de sua educação, é indispensável que o MEC institua nas escolas e universidades palestras ministradas por biólogos e agente sociais, que discutam sobre os impactos da escassez de água no Brasil e a importância da preservação hidrográfica, fitando conscientizar a nova geração e evitar futuros problemas.