No século XX, os índices de violência contra mulher aumentaram expressivamente no Brasil. Em 1980, por exemplo, foram quase 47 mil mulheres assassinadas. Ademais, em 2010 esse número aumentou aproximadamente 60%. No entanto, quase um século depois, poucas medidas foram tomadas na profilaxia dessa problemática. Com isso, o abismo entre paz e mulher se torna cada vez maior no país, o que constitui um grave problema social e que cumpre ser enfrentado. Em primeiro plano, vale ressaltar que o machismo não é algo recente, todavia, já era característico das civilizações medievais. Partindo desta verdade, a problemática em questão assume um viés histórico. Isso porque, dados do Instituto de Pesquisa da USP revelam que cerca de 37% dos casos de violência contra mulher são praticados por uma parcela de homens machistas que querem impor pela violência suas vontades. Nesse sentido, o então direito de liberdade, assegurado pela Constituição e reafirmado pelos Direitos Humanos é amputado, o que contribui para a persistência do problema. Outrossim, como disse Hannah Arendt, uma influente filósofa do século XX, a banalização do mal se instala no vácuo do pensamento, trivializando a violência. Tomando como norte a máxima da autora, é possível dizer que o descuido do Corpo Nacional do com o fato arquiteta outro cenário desafiador. Nessa perspectiva, o Estado junto dos órgãos Governamentais já deveriam ter tomado medidas preventivas, como a utilização do recurso midiático que possui um forte poder coercitivo, a fim de alertar e conscientizar a população sobre o caso. Soma-se a isso, o fato de que a sociedade participa ainda de forma tímida na solução do infortúnio, não realizando, muitas vezes, denúncias contra a violência do sexo feminino, o que corrobora a perpetuação desse crime. Urge, portanto, que caminhos sejam tomados para superar a questão da violência contra mulher no Brasil. E para garantir isso, é imprescindível a participação da tríade: Estado, mídia e sociedade. O Estado, com seu caráter abarcativo e socializante, deve fomentar, através de palestras públicas e programas escolares, o combate ao machismo, para que os casos de violência contra mulher ligados a soberba do homem se restrinjam ao passado; a mídia, vinculada a comunidade televisiva, precisa promover propagandas impactantes que alerte as pessoas a respeito da gravidade do problema, a fim de estimular a população a minorar os casos de violência contra o sexo feminino; por fim, a sociedade tem o dever de sanar, desde já, qualquer tipo de ato que fira a integridade física ou psicológica da mulher, para que a problemática em questão não continue se perpetuando na nação. Talvez, assim, como disse Hannah, será possível não banalizar esse problema, fazendo dele algo a parte da realidade brasileira.