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Enviada em: 23/10/2018

Na Antiguidade, o filósofo Aristóteles acreditava que a função das mulheres era exclusivamente para procriar, pois somente os homens tinham a capacidade de pensar. De mesmo modo, apesar de estarmos em pleno século XXI, o gênero feminino é reprimido no Brasil, sendo exposto à violências de todo tipo, seja pela mentalidade machista predominante na sociedade, seja pela lentidão da Justiça.        É pertinente lembrar, primeiramente, que durante muito tempo no Brasil, casos de assassinatos de mulheres foram justificados pela Lei da legítima defesa da honra. Nesse contexto jurídico, utilizava-se o argumento de que a mulher que não correspondia as expectativas morais, sejam elas no âmbito matrimonial, maternal ou social, era por essa razão, responsável por despertar comportamentos agressivos em seu algoz. Após décadas, esse tipo de pensamento ainda é aceitável pela sociedade brasileira, com tal força, que recentemente muitas pessoas, em suas redes sociais, responsabilizaram a menor de idade que foi estuprada por trinta e três homens no Rio de Janeiro, pelo crime. Por esse aspecto, consta-se que gigantesco país da América Latina está imerso em uma cultura de desvalorização e objetificação da mulher. Logo, é evidente que a sociedade sempre foi conivente com a violência direcionada ao público feminino.        Convém lembrar ainda que o Brasil já foi condenado internacionalmente pela demora em casos de violência contra a mulher, inclusive a lei Maria da Penha foi assim batizada, para homenagear a pessoa que lutou durante vinte anos para que o seu agressor fosse preso. Todavia, de acordo com o Dossiê de Violência contra as Mulheres, as vítimas que prestam queixas de agressão demoram a receber proteção do Estado. Assim sendo, o assassinato de Elisa Samúdio, ex-companheira do goleiro Bruno é um exemplo dessa lentidão. A jovem teve um pedido de proteção negado porque não tinha relacionamento conjugal com o atleta. Por essa perspectiva, observa-se não apenas que os órgãos da justiça funcionam em uma velocidade diferente da realidade, mas também, que não são prudentes no sentido de prevenir riscos maiores ao público feminino.        Portanto, urge que o Estado, por meio de envio de recursos ao Ministério responsável pelas polícias, promova a capacitação dos profissionais que lidam com mulheres que sofreram algum tipo de violência, com o objetivo de melhor compreender as reais necessidades da vítima e atendê-las sempre que possível, assim como, realizar atendimentos mais humanizados. Além disso, cabe ao mesmo Ministério realizar palestras em escolas e centros comunitários em todos os municípios do Brasil, com a finalidade de conscientizar a população sobre os direitos das mulheres e como o cidadão pode contribuir para erradicar essa prática e, também, para desconstruir opiniões preconceituosas.