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Enviada em: 12/04/2017

De acordo com o Mapa da Violência de 2012, entre 1980 e 2010, a violência contra a mulher aumentou em 230%, número significativo, o qual representa que tal questão é muito presente no contexto brasileiro. Esse quadro de persistência de atos de crueldade se dá devido a propagação de ideias machistas que reforçam o papel inferior do sexo feminino em relação ao masculino e a punições lentas e pouco eficientes por parte do governo.       O estigma do machismo na sociedade brasileira permanece. Isso ocorre porque a ideologia da superioridade do gênero masculino em detrimento do feminino reflete no cotidiano dos brasileiros, seja por meio das mídias, das redes sociais e no próprio ambiente familiar. A capa da revista Veja de abril de 2016, que trazia na capa a atual primeira-dama Marcela Temer como “bela, recatada e do lar” reforça uma ideia segregacionista de que a mulher pertence apenas ao âmbito doméstico. Nessa perspectiva, a difusão desse tipo de visão possibilita que ideais machistas se propaguem como comportamentos aceitáveis, além de contribuir para a permanência da violência no âmbito social bem como para o aumento da ocorrência dessa.       Além disso, há falta da construção de uma rede integrada de serviços de atendimento da saúde, justiça e apoio psicossocial, a qual dê conta de todos as necessidades das mulheres no que diz respeito aos maus tratos sofridos por essas. A Lei Maria da Penha, implementada no ano de 2006, é, sem dúvida um avanço no que tange o direito feminino, porém sua eficácia não é tão boa quanto poderia ser. De acordo com o Conselho Nacional de Segurança, no período de 2006 a 2011, apenas 33,4% dos processos que envolvem a lei foram julgados. Sendo assim, ao estarem diante desse cenário, muitas vítimas têm medo de denunciar seus agressores, e, por outro lado, ao verem a ineficiência da aplicação da lei, os malfeitores se sentem à vontade para darem continuidade aos maus tratos.        Por tudo isso, faz-se necessária a adoção de medidas que inviabilizem a continuidade da violência contra a mulher. Para tanto, é imperativo que escolas, ONG's e associações de pais e mestres promovam debates por intermédio da inserção de temas afins em disciplinas como Filosofia e Sociologia a fim de desconstruir conceitos misóginos. Aliado a isso, o governo, em seu papel de executor de políticas públicas, deve ampliar os serviços oferecidos nas delegacias de mulher em todo o país, por meio da disponibilização de atendimento 24 horas bem como da criação de casas de abrigo com o intuito de garantir amparo e segurança para as vítimas.