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Enviada em: 01/06/2017

No século passado, movimentos feministas tiveram sucesso em modificar o status da mulher e, desde então, pode-se observar uma tendência contra a discriminação de gênero. Além de conquistas políticas como o voto, redefiniram-se normas gerais de vestimenta, conduta e trabalho. Entretanto, injustiças persistem, visíveis, por exemplo, na menor presença feminina em posições de liderança e na violência de gênero que sofrem. Em primeiro lugar, apesar dessa posição mais favorável na sociedade, o machismo ainda está presente em comportamentos e opiniões e mudar essa consciência ainda é prioridade, pois muitas pessoas são coniventes com os abusos por considerarem-lhes naturais. Sem dúvida, essas atitudes têm raízes históricas na estrutura patriarcal da sociedade brasileira, que teve desde seus primórdios o homem como ator principal das decisões familiares, políticas e econômicas. Por exemplo, é comum que crimes de estupro sejam relativizados e que a vítima seja de alguma forma culpada pelo que sofreu. Semelhantemente, ainda que cotas de participação feminina em candidaturas políticas tenham sido estabelecidas, a presença pouco ultrapassa esse mínimo e poucas candidatas são eleitas, recebendo menos votos em comparação a candidatos homens, geralmente. Todos esses casos indicam que mudanças legais não são suficientes e que a situação só será revertida ao superarem-se essas ideias conservadoras. Nesse sentido, são positivas as novas formas que a mulher tem sido retratada na cultura, como em posições de força e liderança, exemplificadas na heroína Mulher-Maravilha. Por outro lado, para coibir agressões e assédios a mulheres é fundamental a responsabilização criminal, mas a lei se prova muitas vezes ineficiente. Medidas como a tipificação do crime de feminicídio, a lei Maria da Penha, a rede de Delegacias da Mulher, foram todas avanços. Contudo, elas esbarram em burocracias do Estado, que atrasam as respostas legais, em barreiras sociais como a dependência econômica e em preconceitos, impedindo denúncias. Enfim, é elementar para resolver o problema que se desafie os pensamentos retrógrados que os brasileiros ainda têm. Para tal, escolas, o governo, os meios de comunicação e ONGs devem, através de palestras e campanhas, informar incansavelmente sobre as estatísticas e consequências da violência contra a mulher e questionar comportamentos enraizados na cultura brasileira. Também é urgente que o poder público divulgue, fortaleça e acelere a estrutura de apoio à mulher existente e garanta o suporte amplo às vítimas para evitar a impunidade dos crimes. Dessa forma, será possível atingir os níveis de igualdade que alguns países europeus obtiveram, países que mostram índices de satisfação com a vida mais elevados, e, assim, respeitar os direitos básicos das mulheres brasileiras.