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Enviada em: 17/07/2017

Em 2016, uma menina acordou com 33 homens abusando-a. O caso repercutiu por todo o Brasil. Entretanto, mais do que questionamentos sobre um caso lamentável, o debate instaurado no país revelou sérios problemas na forma que o Brasil vê a violência contra a mulher. Uma vez que, segundo o Mapa da Violência de 2015, os números de feminicídios aumentaram, faz-se necessário encontrar as raízes da problemática.     Em uma primeira análise, os comentários da população diante do caso citado mostram um grave sintoma do patriarcado: a culpabilização da vítima. Os questionamentos sobre suas vestimentas e postura diante da situação são silenciadores. Mesmo nos poucos cenários que há busca por ajuda, as autoridades e a sociedade se mostram contraproducentes.     Segundo Durkheim, o social impera sobre o indivíduo. Portanto, a crença da sociedade de que a culpa da violência seria da vítima afeta a visão da mulher quanto sua condição, impedindo-a de denunciar. Analogamente, como na maioria das famílias o homem sustenta a casa, a dependência financeira vira outro impeditivo para denunciar as agressões.     Entretanto, no Brasil, de acordo com o Mapa da Violência, não existe uma uniformidade com relação ao tema. Cada estado tem agravantes diferentes, como, por exemplo, a ineficácia da justiça em Roraima, o mais violento. Sendo assim, classificar tudo como uma questão de machismo estrutural seria uma análise superficial, portanto são necessárias, também, medidas particulares a cada lugar.     Em primeiro plano, a conscientização, através da mídia e de campanhas do governo, sobre a responsabilidade do abusador impediria a culpabilização da vítima, aumentando o número de denúncias. Não obstante, como responsabilidade de cada estado, maior foco financeiro às delegacias da mulher.  Por fim, o governo federal deve criar órgãos responsáveis pelo apoio às vítimas e priorizar a melhoria da justiça, pondo fim a sua morosidade através da contratação de mais profissionais. Somente assim 33 poderá voltar a ser apenas um número.