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Enviada em: 20/05/2018

Livrai-nos do mal                       É indiscutível que o Brasil é um país rico em diversidade, já que este foi formado a partir de culturas distintas, como a africana, portuguesa e a indígena. Entretanto, é fato também que os conflitos gerados por essas diferenças, principalmente religiosas, estão enraizados na síntese dessas culturas, visto que, por exemplo, no período colonial havia uma catequização intensa dos nativos.                            Atualmente, é possível analisar que as religiões afro-brasileiras, como o candomblé e a umbanda, são as mais reprimidas dentro do território brasileiro, já que foi constatado em 2017 pela Secretaria Nacional de Direitos Humanos que mais de um terço das vítimas de intolerância religiosa eram de religiões de origem africana. Além disso, é inegável que essa discriminação é influenciada principalmente pelo racismo camuflado na sociedade e pela supremacia das tradições ocidentais. Episódios como o de 2015, em que uma menina de onze anos de idade foi apedrejada enquanto saía de um culto do candomblé, evidenciam a presença acentuada do preconceito dessas devoções no contemporâneo.                   Apesar de o país ser um Estado laico, ainda há a interferência religiosa em decisões públicas, assim, podendo acarretar na exclusão social de alguns grupos. Um exemplo disso é a existência de uma “bancada evangélica”, que é o agrupamento de políticos dessa vertente do catolicismo em prol do impedimento da aprovação de direitos como a legalização do aborto ou até do casamento entre pessoas do mesmo sexo.                      Portanto, é fundamental a criação de campanhas televisas e virtuais, que podem ser realizadas pelo Ministério Público, com o objetivo de incentivar as vítimas oprimidas pelas suas crenças a denunciarem o evento. Outrossim, o Ministério da Educação deve promover a obrigatoriedade do ensino religioso a fim de esclarecer aos jovens a diferença entre as religiões que constituem a identidade brasileira e seus costumes, além da elaboração de palestras sobre o assunto por organizações não governamentais para o restante da população. Dessa forma, é possível desenraizar a intolerância religiosa fomentada pelos europeus no século XVI.