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Enviada em: 19/10/2018

Para que haja uma sociedade, há o pressuposto da aceitação das regras de convívio extensivas à grande maioria dos indivíduos e também a tolerância, o reconhecimento de que os indivíduos são diferentes e têm direitos de serem assim. Entretanto, o lamentável preconceito religioso tão em voga no Brasil, evidencia um empecilho que limita a completude desse preceito. Portanto, com o fito de combater essa realidade, uma análise acerca de suas causas, que estão ligadas à ingerência governamental e à lenta mudança da mentalidade social, faz-se necessária.      Mormente, destaca-se a insuficiência de medidas políticas como um dos propulsores do embargo. Para Thomas Hobbes, o estabelecimento de um contrato social em que o governo garanta a segurança do povo e iniba um cenário caótico é essencial para a vivência em grupo. Não obstante, embora esse contrato esteja exemplificado na Carta Magna do país, algumas de suas determinações mais importantes, como a inviolável liberdade de consciência e crença, não são efetivadas; posto que, de acordo com o IBGE, aproximadamente 400 pessoas sofrem algum tipo de violência religiosa, por dia, no Brasil. Desse modo, infere-se o distanciamento da concepção do filósofo inglês, bem como a inépcia do Estado como promotor do bem-estar social.      Outrossim, Max Weber em sua teoria geral da ação, afirma que a conduta dos indivíduos são fortemente influenciadas pela tradição, ou seja, fatores culturais, sociais e históricos irracionalmente. Nesse ínterim, é indubitável que, durante o processo de formação do Estado brasileiro, o catolicismo foi hegemônico e as demais religiões, sobretudo às de matriz africana, como o candomblé, eram vistam como crenças ruins ou bruxarias. Analogamente, seguindo o  pensamento do sociólogo, muitos brasileiros ainda se valem de tais aspectos para justificarem discriminações contra indivíduos que partilham tais crenças.      Destarte, medidas são necessárias para resolver o impasse. Logo, é vital que o Ministério da Cultura, mediante o uso da Receita Orçamentária, elabore e difunda, em rádios, TV,s e internet, companhas e documentários que instruam os indivíduos em como proceder ante uma violência religiosa, vinculando a esses programas, onde, quem e quando recorrer, objetivando garantir que todos os agressores sejam devidamente julgados e punidos. As escolas, formadoras de cidadãos, também devem abordar esse tema em salas de aula, como forma de romper a má influência do passado e promover a respeitabilidade de direitos.