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Enviada em: 19/05/2019

A teoria do super-homem, de Friedrich Nietzsche, pregava que o indivíduo superior seria aquele capaz de romper com as limitações impostas pela religião, com esforço e educação diferenciada. Hoje, a julgar pelo panorama de intolerância que acomete diversos grupos de diferentes igrejas, cultos e seitas, estamos longe de atingir o estágio idealizado pelo filósofo. Ausência de diálogo, ataques verbais e até mesmo agressões físicas vêm acontecendo com frequência, o que obriga a sociedade a questionar: que caminhos devem ser tomados para garantir a harmonia e o respeito entre as diversas religiões presentes em nosso país?       Em primeiro lugar, faz-se necessário entender por que a não aceitação de outras crenças é tão frequente em nosso país. Isso ocorre, entre outros motivos, pois existe uma tendência natural ao estranhamento quando o ser humano no contexto da sociedade de massa se depara com diferenças. Some-se a isso a ignorância e a desinformação, tão comuns em um mundo com fluxos informacionais bastante pulverizados. Multiplique-se pelos estereótipos criados por discursos extremistas de muitos “líderes” e somente um resultado pode ser obtido nessa triste equação: preconceitos e discriminações que atingem a todos –umbandistas, católicos, evangélicos, judeus, ateus e candomblecistas, por exemplo.       A matemática apresentada torna-se ainda mais perversa quando se explicitam as consequências de não combater a marginalização religiosa. O desrespeito mútuo gera tensões e conflitos constantes, podendo levar a situações típicas de tempos medievais: símbolos religiosos são chutados na TV, terreiros e templos depredados, pedras são arremessadas contra meninas indefesas. Não precisamos olhar para o Oriente Médio para assistir a cenas de guerra –as batalhas, muitas vezes, acontecem ao nosso lado.       Fica evidente, portanto, que medidas precisam ser tomadas para garantir pressupostos fundamentais de liberdade religiosa presentes na Constituição brasileira. Para isso, os líderes das diversas religiões devem se unir, expressando o diálogo e o amor presentes em todas as crenças de forma concreta. Aparições públicas em conjunto, noticiadas pela mídia, podem servir de exemplo positivo para os fiéis. É fundamental, além disso, que o Judiciário aplique penas severas aos infratores, garantindo o desestímulo a condutas semelhantes, dentro dos princípios democráticos de direito. Assim, talvez o futuro não seja dos super-homens de Nietzsche, mas esforço e dedicação certamente haverá.