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Enviada em: 13/07/2019

Desde a promulgação, em 1988, da Constituição Cidadã, a democracia brasileira é pautada nos pilares de liberdade e igualdade. No entanto, a intolerância religiosa no Brasil deturpa o ideal supracitado, ao haver atos preconceituosos de forma física/psicológica aos indivíduos adeptos à alguma ramificação religiosa que possua diferentes ideias e/ou ações da do agressor. Desse modo, a formação cultural brasileira, embasada na europeia, aliada à herança histórica de inferiorização da cultura africana, contribui para a perpetuação do quadro supracitado.   Em primeiro lugar, a cultura brasileira é miscigenada devido à existência de vários povos que mantinham relações entre si, fundindo crenças, valores e tradições, havendo uma preponderante influência da cultura europeia no processo de criação da cultura brasileira, devido a maior imigração desses povos para o Brasil. Nesse contexto, teve-se como consequência o apropriamento do preconceito e fanatismo religioso, fato este que culminou na Idade Média em séculos de perseguições aos hereges (pessoas julgadas pelos europeus como pecadores, por não serem cristãos), tendo para o julgamento desses indivíduos,  a criação do Tribunal da Inquisição, em que se aplicava penas desde torturas a morte. Sendo assim, tal fato é a principal representação do fanatismo religioso europeu, tendo brasileiro herdado parte de tal sentimento ao praticar  o fanatismo pela intolerância religiosa.   Por conseguinte, os povos africanos por séculos foram escravizados, sendo considerados inferiores devido a cor de sua pele. Nesse âmbito, os costumes, tradições e valores desses povos sofreram, também, a inferiorização, tendo as suas religiões maior ênfase nesse processo, por servir como tortura e domínio sobre os escravos, ao se retirar suas principais ligações psicológicas com a África. Corroborando com tal fato, a Secretaria dos Direitos Humanos expôs que de 2011 a 2014 foram realizadas 75 denuncias por discriminação à religião afro-brasileira. Assim sendo, o preconceito religioso possui relação com a escravidão, tendo as religiões sofrido com grande depreciação que se perpetua até atualmente, por meio da intolerância manifestada por ações físicas e/ou psicológicas.    A intolerância religiosa, portanto, advém de aspectos históricos e culturais. Assim, o Ministério da Educação deve melhorar a qualidade do ensino religioso ofertado nas escolas - principalmente no ensino fundamental, por ser nessa fase escolar que o indivíduo constrói sua base psicológica. Dessa forma, deve-se acontecer tal ação por meio da maior qualificação e preparação dos educadores de ensino religioso, levando-os a trabalharem todas as religiões do forma equitativa no ambiente escolar. A partir de tais ações, poder-se-á diminuir a intolerância religiosa, construindo uma sociedade sem preconceitos frente outras religiões e promovendo o exercício da democracia expressa na Constituição.