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Enviada em: 14/07/2019

Desde a promulgação, em 1988, da Constituição Cidadã, a cidadania brasileira é pautada nos pilares de liberdade e igualdade. No entanto, a intolerância religiosa no Brasil deturpa o ideal supracitado, ao haver atos preconceituosos físicos/psicológicos aos indivíduos adeptos à alguma ramificação religiosa que possua diferentes ideias e/ou ações do agressor. Desse modo, a formação cultural brasileira, embasada na europeia, aliada à herança histórica de inferiorização da cultura africana, contribui para a perpetuação do quadro supracitado.    Em primeiro lugar, a cultura brasileira é miscigenada devido à existência de vários povos que mantinham relações entre si, levando a fusão de crenças, valores, e tradições com ênfase na preponderância da influência cultural europeia no processo, devido a maior migração desses povos para o Brasil. Nesse contexto, teve-se, como uma das consequências, o apropriamento do preconceito e fanatismo religioso existente na cultural de muitos europeus, em que resultou, na Idade Média (século V ao XV), na perseguição dos povos não cristãos (hereges) considerados pecadores e, assim, julgados pelo Tribunal da Inquisição (instituição criada para esse fim), com penas que iam até a morte. Sendo assim, tal fato é a principal representação do fanatismo religioso, tendo o brasileiro herdado parte de tal sentimento, sendo manifestado pela intolerância religiosa que culmina em agressão física/psicológica.   Por conseguinte, os povos africanos por séculos foram escravizados, sendo considerados inferiores devido a sua cor de pele. Nesse âmbito, os costumes, tradições e valores desses povos sofreram, também, a inferiorização, visto que sua religiões receberam maior ênfase nesse processo, por ser a forma mais eficaz de dominar os escravos, por romper o vínculo psicológico deles com a África. Tal fato supracitado é simbolizado pelo filme "Doze anos de escravidão", ao apresentar uma missa católica realizada pelo patrão com seus escravos, menosprezando às ramificações religiosas que há no núcleo escravista daquele local. Assim sendo, o preconceito religioso possui relação com a escravidão, pela herança histórica de prática da intolerância religiosa e que se manisfesta atualmente pelo preconceito.   A intolerância religiosa, portanto, advém dos aspectos históricos e culturais. Com isso, o ministério da Educação deve melhorar a qualidade do ensino religioso ofertado nas escolas - principalmente no ensino fundamental, por ser nessa fase escolar que o indivíduo constrói sua base psicológica. Dessa forma, deve-se acontecer tal ação por meio da maior qualificação e preparação dos educadores de religião, levando-os a trabalharem todas as religiões de forma equitativa e construtora de uma cultura abdicada do preconceito religioso. A partir de tais ações, poder-se-á diminuir a intolerância religiosa, construindo uma sociedade sem preconceitos frente outras religiões, promovendo a democracia social.