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Enviada em: 05/07/2017

A intolerância, em todas as suas nuances, é uma atitude execrável e requer uma discussão acerca da necessidade de se combatê-la. Nesse contexto, uma das formas de intolerância preponderantes no atual cenário brasileiro, é a religiosa. Dessa maneira, apesar de ser considerado um Estado Laico, o Brasil ainda apresenta entraves no que tange ao respeito à diversidade de religiões existentes no país, haja vista que a delimitação de seu processo histórico, perpassa por questões vinculadas à aclamação de uma única religião.       Diante da perspectiva acrescida por essa ótica, pode-se dizer que a construção da nossa história fundamentou-se, sobretudo no Brasil Imperial, na visibilidade dada à religião católica. Nesse contexto, o imperador D. Pedro I, instituiu os regimes de padroado e beneplácito, como forma de viabilizar a coexistência da Igreja e do Estado, reiterando dessa forma, a supervalorização concedida à fé católica. Além disso, outro indicativo dessa ultra visibilidade concedida à Igreja católica, é a existência de inúmeros feriados ligados à expressividade da mesma, ao passo que as outras religiões não possuem uma efeméride que as contemple.      Por outro lado, a existência de uma bancada evangélica expressiva dentro do Senado brasileiro, elucida a necessidade de diversificação dos nossos representantes políticos e revela a intolerância nesse meio. Ademais, é preciso destacar que o maior alvo de negligência religiosa, são as religiões de matriz africana, demonstrando a persistência de um preconceito ligado as minorias. Tal fato é evidenciado, por exemplo, pelo ataque recente a um terreiro de Candomblé no Distrito Federal, no qual os invasores atearam fogo no local onde ocorriam os encontros.       Por isso, para que a religião não vire o ópio do povo, como defendia o sociólogo Marx, é preciso que haja um maior comprometimento do Estado em assegurar o pleno exercício das múltiplas religiões existentes no Brasil aprimorando os aparatos já existentes, admitindo as suas falhas e corrigindo-as. Para tanto, tendo em vista que a religião é um elemento cultural, formador da consciência de um grupo, faz-se necessário que o Ministério da Cultura, em parceria com as escolas e órgãos não governamentais, discuta projetos e repense as formas de passar para a sociedade, a importância da alteridade e da consciência de grupo, utilizando as praças públicas e as universidades como focos de debate.