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Enviada em: 27/08/2017

Na obra “Capitães da Areia”, de Jorge Amado, os protagonistas são meninos de rua que, para sobreviverem, contam com a ajuda tanto de um padre como de uma mãe-de-santo. Tal diversidade no livro é tratada de maneira respeitosa e não se percebe a problemática da intolerância religiosa no Brasil. No entanto, há muito tempo essa questão existe e interfere, negativamente, na tradicional diversidade religiosa do Brasil, a qual é posta em risco devido tanto a um quadro de incompreensão da laicidade do Estado como ao preconceito com minorias.     Nesse sentido, é alarmante a falta de representatividade de grupos religiosos minoritários no país. Percebe-se essa condição nas comunidades afro-brasileiras. Advindas do período escravista brasileiro, religiões africanas, trazidas com os escravos, mesclaram-se, ao longo do tempo, com elementos católicos, resultando em manifestações religiosas, como o candomblé, que muito têm a oferecer ao enriquecimento cultural brasileiro. Apesar dessa importância, as religiões afro-brasileiras são as que mais sofrem discriminação, e, inclusive, agressões físicas contra seus membros, o que indica desrespeito também com etnias minoritárias.     Além disso, existe, no Brasil, a questão histórica da ausência de laicidade nos órgãos públicos e privados. Tal situação tem suas origens no passado colonial do país, estendendo-se até o fim da monarquia, ao final do século XIX. Durante todo esse período, o território brasileiro teve a religião católica como a oficial, o que reprimia manifestações religiosas de outros grupos sociais. Com o advento da primeira república, o Estado Laico foi instaurado, entretanto, a herança da intolerância religiosa foi mantida, e dessa forma, a mentalidade conservadora de grande parte dos brasileiros propagou comportamentos, que, por sobrevalorizar visões religiosas, prejudicam inúmeras decisões laborais.     Dessa forma, para que a laicidade do Estado seja respeitada, este deve aplicar punições mais severas aos que atentam contra atos de manifestações religiosas. Ademais, é necessário que escolas promovam estudos da diversidade étnico-religiosa brasileira, por meio de saraus e encontros literários de obras que tratem sobre a harmoniosa convivência entre diversas religiões. Por fim, pais necessitam estar presentes na educação de seus filhos, mostrando-lhes a multifacetada sociedade brasileira, suas origens, e sua perpetuação. Como Jorge Amado fez em sua obra.