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Enviada em: 17/09/2017

Na obra “Capitães da Areia”, de Jorge Amado, os protagonistas são meninos de rua que, para sobreviverem, contam com a ajuda tanto de um padre como de uma mãe-de-santo. Tal diversidade no livro é tratada de maneira respeitosa e não se percebe a problemática da intolerância religiosa no Brasil. No entanto, há muito tempo essa questão existe e interfere, negativamente, na tradicional diversidade religiosa do Brasil, a qual é posta em risco devido tanto a um quadro de incompreensão da laicidade do Estado como ao preconceito com minorias.            Nesse sentido, é alarmante a falta de representatividade de grupos religiosos minoritários no país. Percebe-se essa condição nas comunidades afro-brasileiras. Advindas do período escravista brasileiro, religiões africanas, trazidas com os escravos, mesclaram-se, ao longo do tempo, com elementos católicos, resultando em manifestações religiosas, como o candomblé, que muito têm a oferecer ao enriquecimento cultural brasileiro. Apesar dessa importância, as religiões afro-brasileiras são as que mais sofrem discriminação e, inclusive, agressões físicas contra seus membros, o que indica desrespeito também com etnias minoritárias.            Além disso, existe, no Brasil, a questão histórica da ausência de laicidade nos órgãos públicos e privados. Tal situação tem suas origens no passado colonial do país, estendendo-se até o fim da monarquia, ao final do século XIX. Durante todo esse período, o território brasileiro teve a religião católica como a oficial, o que reprimia manifestações religiosas de outros grupos sociais. Com o advento da primeira república, o Estado Laico foi instaurado, entretanto, a herança da intolerância religiosa foi mantida e, dessa forma, a mentalidade conservadora de grande parte dos brasileiros propagou comportamentos que, por sobrevalorizarem visões religiosas, prejudicam inúmeras decisões laborais.         Portanto, para que o Estado Laico seja devidamente obedecido, o Ministério Público deve aumentar as denúncias e intensificar investigações sobre parlamentares e empresas suspeitos de prejudicar determinadas religiões. Ademais, é necessário que as religiões dos grupos sociais minoritários sejam melhor representadas, por meio da criação, pelos governos estaduais, de um “selo de compromisso social”, que será concedido às empresas que comprovem ter oferecido aos seus funcionários formação acerca da diversidade religiosa. Por fim, todos os cidadãos devem relatar à polícia situações que envolvam intolerância religiosa. Assim, ter-se-á uma diversidade respeitosa, como em “Capitães da Areia”.