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Enviada em: 06/09/2017

A história do Brasil sempre foi marcada pela intolerância religiosa, desde a chegada dos portugueses que impuseram a fé cristã aos povos nativos que aqui habitavam até a proibição de qualquer forma de culto das populações africanas tragas como escravas. Mas por que, mesmo assegurada desde 1988 pela Constituição da República, a liberdade de crença religiosa ainda não é respeitada?       Tendo sido um país oficialmente católico por diversos anos, guardamos em nossa cultura diversas influências dessa corrente religiosa, algumas positivas, outras não. Na parte negativa, destaca-se o preconceito contra outras religiões, embasadas na superstição e no senso-comum. As crenças de matriz africana ainda são perseguidas, liderando o ranking de denúncias feitas sobre casos de intolerância. Um acontecimento que viralizou e representa bem isso foi o da menina apedrejada ao sair de um culto de candomblé, em 2015.       Outro ponto negativo se deve ao peso que a religião exerce em esferas governamentais. Existe no Brasil uma forte bancada evangélica que faz com que seus dogmas pesem sobre pareceres políticos, e, em repartições públicas, como fóruns de justiça por exemplo, é possível verificar forte simbolismo cristão. Tudo isso tira o caráter neutro das instituições, desqualificando-as perante a população e criando um ambiente de corrosão social.        Portanto, para se combater a intolerância religiosa no Brasil, é necessário primordialmente assegurar a laicidade do Estado. O poder executivo tem o papel de fiscalizar se a lei está realmente sendo cumprida, fiscalizando e impedindo que qualquer tipo de dogma religioso tenha poder de influência em decisões públicas. É essencial também criar debates na sociedade para que se desconstrua preconceitos sobre qualquer tipo de religião. A família tem o papel de promover essa conversa em casa, nas escolas devem existir palestras que abordem a diversidade religiosa, e a mídia pode colaborar com programas que debatam o assunto.