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Enviada em: 22/10/2017

Segundo Montesquieu, “combater a religião é atentar contra a sociedade”. Com essa frase, o filósofo iluminista evidencia, do seu ponto de vista, a importância da religiosidade no cotidiano da população. No que tange à realidade sociocultural brasileira, construída pela miscigenação de diversos povos e etnias, torna-se grande o número de religiões díspar. Esse fato, aliado à uma educação deficiente e punições brandas, possibilitam que a intolerância religiosa provoque conflitos em território nacional.       Indubitavelmente, o direito a religiosidade é imprescindível a qualquer cidadão, mas isso não garante que ele seja respeitado. Desse modo, a constituição brasileira assegura a liberdade para realização de manifestações de cunho religioso. Portanto, a intolerância nesse aspecto é considerada crime, sendo previsto multa e até prisões curtas para àqueles que ferem esse direito. Entretanto, apesar dessas punições, dados coletados pela secretaria de direitos humanos, revelaram que em 2013 mais de 120 casos de crimes contra a religião, muitos deles envolvendo agressões físicas e psicológicas, foram registrados no Brasil, expondo a perpetuação dessa problemática.       As deficiências educacionais são outros fatores agravantes dessa situação. Por ter sido moldado pelo catolicismo romano, muitas escolas brasileiras ainda pregam o velho ensino religioso, cuja grade curricular envolve apenas o ensino das bases cristãs, o que implica numa desinformação sobre as demais religiões. Dessa forma, essa desinformação que, convertida em ignorância e atenuada pela aversão ao desconhecido, corrobora para a formação de indivíduos preconceituosos e intolerantes.              Infere-se, por fim, que apenas leis e punições brandas não foram o suficiente para mudar essa triste realidade brasileira. É preciso, portanto, que o governo federal, além de criar mais delegacias especializadas para dar suporte às vítimas desse tipo de crime, aumente o rigor das punições. Outrossim, cabe ao ministério da educação reformular o ensino religioso nas escolas, visando coibir o preconceito e conscientizar os jovens sobre a divergência religiosa. Para tal, deve-se adotar o modelo das escolas de países nórdicos, o qual tem como principal função elucidar e possibilitar novas opções de credo. Com essas medidas, uma sociedade mais tolerante e harmônica se formará.