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Enviada em: 24/10/2017

Ao longo da formação do Estado brasileiro, a intolerância religiosa consolidou-se e permaneceu forte. No período colonial, houve uma repressão contínua aos ritos praticados por africanos escravizados, sendo os mesmo - sem qualquer alteridade - impelidos à prática do catolicismo. Conquanto tenham sido obtidos avanços no que se refere aos direitos civis, a lenta mudança da mentalidade social e a ineficácia das leis ainda funcionam como um impasse para se combater a intolerância religiosa no Brasil.   É indubitável que a lenta mudança da mentalidade social esteja entre as causas do problema. Segundo a tábula rasa de John Locke, nascemos como uma folha em branco à espera de ser preenchida. Seguindo essa linha de pensamento, é possível perceber que a problemática da intolerância religiosa pode ser encaixada na teoria do filósofo iluminista, uma vez que, se uma criança cresce em um ambiente com tal comportamento, tende a adotá-lo por conta da vivência em grupo. Assim, o pensamento de discriminação às diversas crenças, passado de geração à geração, funciona como forte base para o continuísmo desse crime execrável, agravando o problema no Brasil.   Outrossim, destaca-se a Constituição e sua forma de aplicação como agravantes da problemática. De acordo com Aristóteles, a política deve ser exercida de modo que, por meio da justiça, o equilíbrio seja alcançado na sociedade. De maneira análoga, percebe-se que, no Brasil, a intolerância religiosa rompe essa harmonia, haja vista que, embora a liberdade religiosa seja assegurada pela Constituição, ainda existem brechas na lei que permitem o continuísmo de crimes que atentam contra a dignidde humana, como as muitas vítimas que deixam de efetivar a denúncia. Desse modo, evieencia-se a importância da prática da regulamentação da lei como forma de combate à intolerância religiosa.   Entende-se, portanto, que a lenta mudança da mentalidade social e a fraca aplicação das leis impedem a consolidação da liberdade religiosa. A fim de atenuar o problema, o Governo Federal, com o auxílio da Polícia Civil, deve elaborar um plano de implementação de delegacias especializadas nesse tipo de crime, além de aplicar campanhas, em parceria com as redes abertas de televisão, que incentivem a denúncia por iniciativa das vítimas. Paralelamente, as instituições formadoras de opinião  devem promover visitas a centros religiosos, com o fito de coibir conceitos errôneos e permitir o contato com religiões de matriz africana - principais discriminadas no mundo hodierno. Ademais, cabe à família o papel de educar os infantes, desde a mais tenra idade, com base no exercício da alteridade. Assim, a folha em branco poderá ser preenchida com respeito, paz e, sobretudo, diversidade religiosa.