Materiais:
Enviada em: 10/10/2018

Em meados do século passado, o escritor Stefan Zwieg mudou-se para o Brasil devido à perseguição nazista na Europa. Bem recebido e impressionado com a nova casa, Zweig escreveu um livro cujo título é até hoje repetido: “Brasil, país do futuro”. Entretanto, quando se observa os desafios relacionados ao combate do racismo no Brasil, percebe-se que a profecia não saiu do papel. Nesse sentido, faz-se necessário destacar o fator histórico e a negligência governamental como agravantes dessa mazela social.        A princípio, ao avaliar esse preconceito por um prisma estritamente histórico, nota-se que fenômenos decorrentes da formação nacional ainda perpetuam na atualidade. Analogamente, segundo o cientista Albert Einstein, é mais fácil desintegrar um átomo do que combater o preconceito enraizado. Sob tal ótica, é indubitável que inúmeras ações de intolerância, presentes no Brasil hodierno, possuem ligação direta com o passado, haja visto que inúmeros atos eram difundidos no Brasil colônia. Assim, criou-se ao longo da história, práticas que deturpavam o negro, alegando, infelizmente, como ser inferior.        Outrossim, afirma-se, que existe uma legislação no que concerne a isonomia. No entanto, infere-se, que, a partir da realidade, fica claro a deturpação dos princípios constitucionais como, por exemplo, o direito à igualdade, de modo que percebe-se o desrespeito quando se trata da situação deplorável que milhões de brasileiros se submetem, por conta dos elevados índices que mostram a população negra como a mais afetada em relação à desigualdade salarial, às vítimas de violência e ao número de presos. Assim, essa atrocidade dialoga de forma clara com a obra “O cidadão de papel”, do jornalista brasileiro Gilberto Dimenstein, o qual se refere que as leis no Brasil são consideradas letras mortas.        Logo, para que a profecia de Zweig torne-se realidade no presente, é fundamental uma ação conjunta entre o governo e a mídia, na qual essa, por meio de programas, propagandas e novelas, será responsável por construir na população um sentimento de alteridade, para que a importância de colocar-se no lugar do outro minimize os preconceitos. Ademais, o Estado deve ampliar, criar e fiscalizar mais leis para amparar as vítimas de discriminação étnica, além de disponibilizar delegacias especializadas para punir os desviantes da Carta Magna. Assim, será possível diminuir o medo da população ao lidar com o diferente e consequentemente reduzir os índices de ódio irracional para com o próximo, respeitando a ética e a moral de toda a humanidade.