Materiais:
Enviada em: 18/10/2018

Racismo, sendo a discriminação de raça, se mostra muitas vezes presente na violência física, salientado na atualidade pelo genocídio negro, por exemplo. Entretanto, o racismo ultrapassa diferentes níveis de violência, é de fato uma questão estrutural, herança de uma colonização brutal, e de uma escravidão que de certa forma, permaneceu enraizada na cultura nacional.   O país se estabeleceu em um sistema colonial que nunca de fato providenciou direitos básicos a afrodescendentes, mesmo após a abolição da escravatura, quando a lei Áurea foi vigorada em 1888. O negro agora poderia deixar o trabalho forçado, mas construir sua liberdade e uma vida em sociedade não foi uma questão assegurada no primeiro momento. Portanto, desde muito tempo o povo lida com o descaso governamental, situação que perdura na atualidade, com a falta de políticas públicas que abrangem a desigualdade racial, o que torna negros ainda mais desfavorecidos na sociedade, trazendo a tona também a questão de classe atrelada como herança histórica, que muitas vezes é a base do pensamento racista brasileiro.   Segundo o atlas da violência 2017 lançado pelo instituto de pesquisa econômica aplicada (IPEA) a cada 100 pessoas assassinadas no país, 71 eram negras. O dado reflete tanto o racismo quanto a situação vulnerável da população negra, que representa cerca de 76% dos cidadãos mais pobres do país, segundo dados de 2014 divulgados pelo instituto brasileiro de geografia e estatística (IBGE). A discriminação além de ser clara em crimes de ódio e na estrutura social, também abrange a cultura. Religiões africanas demonizadas pela sociedade, costumes sendo alvo de piadas, tudo contribui para uma sociedade ainda mais preconceituosa e violenta que precisa urgentemente mudar.   Mudanças estruturais e culturais tendem a ocorrer em processos lentos, entretanto são vitais para alcançar a igualdade racial. Pessoas negras devem ser primordialmente ouvidas. Cabe ao sistema educacional proporcionar ações e palestras contra o racismo, providenciando o lugar de fala para pessoas com experiencia direta, seja por meio presencial ou até mesmo virtual, priorizando criadores de conteúdo que disseminam informação sobre questões raciais, como Nátaly Neri, por exemplo. O estudo para a população negra deve ser mantido como prioridade, pois afeta diretamente a renda e enfrenta as estruturas sociais racistas mantidas no país. Para isso, também é necessário o estímulo as cotas raciais em universidades federais. A educação também deve ser somada a representatividade, que estabelece a identidade negra na sociedade e enfraquece o racismo. Até mesmo deveriam ser feitas regulações no tribunal superior eleitoral para o espaço de negros na política, como fora feito com a porcentagem de candidaturas femininas obrigatórias, por exemplo.