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Enviada em: 11/05/2019

O livro "Quarto de despejo" é um comovente diário do inconformismo à opressão de gênero, classe e raça vivida por Carolina Maria de Jesus durante a década de 60 em São Paulo. Embora escrito há mais de 60 anos, o relato da autora mantem-se atual, visto que, a segregação racial prevalece entre a sociedade brasileira e vitimiza negros às condições de vida inferiores. Nesse âmbito, torna-se essencial o debate acerca dos caminhos para combater o racismo no Brasil.       De acordo com o sociólogo Gilberto Freyre em "Casa grande e senzala", a miscigenação seria responsável pelo apaziguamento das discrepâncias sociais e étnicas no Brasil. Entretanto, através de Carolina, legítima personificação da condição negra, é inegável que a segregação racial, usada desde a época colonial como recurso para manter a massa de escravos subordinada à aristocracia branca, é mantida como paradigma entre a sociedade brasileira. Consequentemente, o racismo perpetua oportunidades desiguais, salários injustos, e principalmente, tratamento hostil contra a população negra.       Ademais, é importante salientar a baixa representatividade política como catalisadora do problema, pois apesar de existirem medidas constitucionais que caracterizam a segregação racial como crime ainda é ilusório o real e absoluto cumprimento da lei. Ou seja, referente aos negros, o direito à vida digna e igualitária previsto na constituição de 1988 não está sendo cumprido pela União.       Infere-se, portanto, que para conter a herança escravocata urge que o Poder Legislativo estimule os partidos políticos por meio de cotas para garantir a representatividade política, e assim, os direitos dos negros. Além disso, o Poder Judiciário deve fiscalizar por meio de comissões específicas criadas para assegurar a igualdade social e trabalhista dos negros. Somente assim, pode-se combater o racismo no Brasil e oferecer melhores condições de vida para outras milhares como Carolina.