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Enviada em: 20/06/2019

Em 1888, a Princesa Isabel sancionou a Lei Áurea, tornando o Brasil um dos últimos países a extinguir a escravidão em seus territórios. Todavia, os desafios que permaneceriam impostos aos negros ainda estão longe de ser extintos. Predomina uma concepção deturpada e preconceituosa da contribuição dos negros para o Brasil. O Estado e a sociedade civil brasileira foram ineficientes para reverter este quadro.        Em primeiro lugar, logo após a abolição da escravidão, o Estado brasileiro não implementou políticas adequadas para fomentar a integração dos negros recentemente libertos à sociedade. Pelo contrário, preferiu-se promover campanhas em países europeus para atrair mão de obra branca no intuito de ocupar os postos de trabalho que eram compulsórios aos negros. Essas ações eram baseadas nas teses defendidas por alguns intelectuais do período, como Nina Rodrigues, que apregoava que a mestiçagem no Brasil conduziria inevitavelmente à degenerência e, consequentemente, à criminalidade. A raça definiria o comportamento, ignorando por completo a condição de miséria à qual ficaram relegados.         Por conseguinte, os negros permaneceram marginalizados na sociedade brasileira. O esteriótipo de negro, aos olhos de um brasileiro médio, é bastante negativo. Por exemplo, nas representações artísticas, o negro é habitualmente associado à criminalidade, como o personagem Zé Pequeno de Cidade de Deus, ou às posições sociais consideradas inferiores, como os inúmeros exemplos em que a empregada e o motorista da família branca das novelas são negros. A representação viciada e descuidada desse conjunto de pessoas perpetua preconceitos graves.         Portanto, é mister que o Estado e a sociedade civil tomem providências para melhorar o quadro atual. Para que os negros sejam adequadamente integrados na sociedade brasileira, urge que o Estado, por meio do Poder Executivo apoiado pelo Poder Legislativo, intensifique a política nacional de cotas em universidades públicas, de modo que o acesso à educação e, em consequência, às melhores oportunidades profissionais corrija a antiga dívida histórica que persiste. Além disso, a sociedade civil deve fomentar a representabilidade negra de maneira mais positiva e não esteriotipada, mormente em contextos artísticos que possam servir de exemplos para as novas e futuras gerações. Por que não uma novela em que a Presidente da República é negra e forte? Somente assim, alcançaremos uma sociedade mais igualitária e menos preconceituosa no Brasil.