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Enviada em: 03/04/2017

O fardo do homem negro     "Pancrácio aceitou tudo, até um peteleco que lhe dei no dia seguinte, por não me escovar bem as botas, efeitos da liberdade". A passagem da crônica de Machado de Assis caracteriza uma questão importante que se mantém até hoje, o preconceito e a violência sobre os negros numa sociedade que se julga harmoniosamente miscigenada. Pode-se então perceber que, o contexto histórico perpetua uma desigualdade que expressa o racismo velado existente no Brasil.     Pode-se notar que a manutenção das relações de poder existentes na época da abolição permitiram a subjugação dos negros a partir da incorporação da racismo velado na estrutura social. Tal fato se deve a que mesmo havendo a assinatura da lei Áurea, a população de escravos não recebeu nenhum tipo de auxilio por parte do Estado  para saírem da situação de exploração. Isso ocorreu pois era vantajoso para a elite a exploração dessa mão de obra, no cenário agroexportador, associado a inferiorização dos povos e culturas provenientes da África devido ao etnocentrismo. Com isso, contata-se que os negros não se tornaram livres de fato, ao contrário, iniciou-se um acobertamento de pensamentos preconceituosos passados pelos europeus, que manteve a segregação. Por consequência, estabelece-se uma inferiorização que marginaliza esse povo.    Percebe-se assim a formação de esteriótipos pela marginalização que ao perpetuarem o racismo mascarado, impedem seu combate. Isso acontece porque a partir da segregação impossibilita-se que os negros historicamente tenham acesso a uma edução de qualidade, que determina sua maioria na parcela de baixa renda e impulsiona muitos ao crime pelas condições de vida precárias. De acordo com o Levantamento nacional de Informações Penitenciárias, 61,1 % da população carcerária são negros. Dessa maneira, estabelecem-se esteriótipos que estimulam a violência para com os negros, que não é percebida pela maioria como racismo frente as dados. Por conseguinte, forma-se uma falsa noção de igualdade racial que prejudica a realização de ações afirmativas que compensem séculos de opressão.      Pode-se portanto notar que o estabelecimento de uma liberdade condicionada permitiu que, apesar do fim da escravidão, os negros continuassem sendo explorados. Assim o histórico racismo mascarado na estrutura social construiu esteriótipos que estimulam a violência e mantem a desigualdade. Logo constata-se a necessidade de expor esse preconceito de forma didática em associação a medidas para erradicá-lo. Para isso, o Governo Federal deve criar medidas educativas que possibilitem um maior conhecimento sobre o racismo e fiscalizar a adoção da lei que demanda o ensino da cultura africana nas escolas. Isso deve ser feito em parceria a ações como as cotas para garantir representatividade.