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Enviada em: 19/05/2019

Sob a perspectiva do sociólogo Émille Durkheim, a sociedade é descrita como um organismo, no qual todos os papéis coletivos coexistem com o equilíbrio e estabilidade do corpo como um todo. Nesse ínterim, uma sociedade coesa juntamente com o próprio Poder Público em pleno exercício são condições impressindíveis para a superação de barreiras socioeconômicas no Brasil. Entretanto, a passividade governamental frente às desigualdades sociais e o consumo ostensivo têm sido entraves para a manutenção e o bom funcionamento do corpo social no âmbito econômico.       Deve-se pontuar, de início que o descaso das autoridades públicas frente às disparidades sociais são obstáculos sólidos para que a classe bastarda supere os desafios econômicos e participe efetivamente da vida financeira. Tal fato ocorre porque desde o Período Colonial os privilégios e incentivo de mercado era dado à aristocracia, o que subordinava os indivíduos abaixo dessa camada. Com efeito, ainda hoje, os subsídios e incentivos fiscais têm favorecido apenas os grandes proprietários e complexos produtivos, com o propósito equivocado de dar benefícios a "quem traz mais" desenvolvimento para o país. Diante disso, os trabalhadores de baixa renda e desempregados, minimamente incentivados no mercado financeiro, buscam medidas alternativas, como abrir uma microempresa ou aderir ao trabalho informal. De fato, um Estado excludente pouco contribui para a evolução econômica do país.        Por outro lado, o excessivo padrão de consumo em conjunto com um mal planejamento das finaças viabiliza entraves para a superação de obstáculos econômicos . Não é atoa, por exemplo, que o Fordismo do início do século XX, sustentou-se por uma sociedade altamente consumista, que mais tarde viria a entrar em colapso devido aos endividamente e consequente perda da capacidade de consumo, gerando a Crise de 1929. De modo análogo, o brasileiro, visando o "ter" e a imagem plausível, acaba ultrapassando os limites da necessidade quando compra serviços e produtos sem uma análise prévia de orçamento. Diante disso, com débitos gerados desse estilo vida, os indivíduos acabam recorrendo aos empréstimos numa tentativa errônea de recuperar a estabilidade financeira. Nesse viés, com menos consumidores a economia não circula, o que poderia ser evitado com uma educação financeira e a promoção de um consumo equilibrado.        Nessa perspectiva, políticas inclusivas e métodos educativos capazes de promover um consumo consciente são imprescindíveis para o pleno desenvolvimento econômico do Brasil. Dessa forma, o Governo Federal em parceria com bancos privados deve criar programas de incentivos aos microempreendores, concedendo subsídios e empréstimos para ampliar a participação no mercado financeiro e promovendo cursos de empreendedorismo no Sebrae, sobretudo para indivíduos de baixa renda, afim de aumentar a inclusão e fomentar a participação na economia das diversas camadas sociais. Ainda, o Ministério da Educação e as universidades de Economia e Administração, devem modificar a grade curricular, no intuito de inserir programas acadêmicos que contemplem comunidades a partir de palestras e eventos sobre planejamento financeiro, com o propósito de despertar o senso crítico e fomentar o conhecimento acerca do consumo equilibrado. Destartes, será possível fazer jus à sociedade estável descrita por Durkheim.