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Enviada em: 02/06/2018

Não é difícil imaginar esta cena: duas mulheres famosas, após muitos anos de amizade, sentem atração uma pela outra e começam um relacionamento. Mesmo com medo da reação da sociedade, decidiram assumir o romance e, o admirável foi a receptividade positiva dos filhos e do público. Esse cenário – vivenciado hoje por Daniela Mercury e Malu Verçosa – é apenas uma dentre várias formas de família atualmente. No entanto, a pluralidade, apesar da regulamentação legal de reconhecimento, não é sempre vista com bons olhos. Em primeiro lugar, é crucial discutir sobre os avanços no tratamento social e aceitação das ramificações diferentes do modelo tradicional de família. De acordo com o IBGE, há 17 anos, o número de casais homoafetivos no país era pouco mais de 40%, enquanto atualmente o percentual subiu para cerca de 50% da população, aumento que pode ser percebido também no restante do mundo. Além disso, o feminismo contribuiu muito para a mudança da concepção feminina no mundo e hoje já existem diversas mães independentes, mesmo que tenham que lidar com preconceitos. Esses fatores só mostram que o estilo de vida vem mudando ao longo do tempo e trouxe como resultados mais brasileiros em busca da felicidade sem se preocupar com o padrão imposto. Entretanto, os casos de rejeição no Brasil ainda são alarmantes, que vai além do conservadorismo, promovendo não só o sentimento de inferioridade, mas também o medo de atitudes repressoras. Crianças que pertencem aos novos modelos de família, por exemplo, são as principais vítimas de bullying na escola e sociedade, como é o caso de Peterson, menino de 14 anos que foi agredido e morto por ser filho de gays. Sobretudo, esses acontecimentos tem gerado grande receio em adotar por parte dessa população. Além disso, mães solteiras também não ficam de fora do sofrimento causado pela hostilidade e discriminação, precisando suportar duros olhares. Desse modo, a triste realidade é que o modelo tido como tradicional é privilegiado em detrimento dos outros. É evidente, portanto, que o preconceito sobre a diversidade nas questões afetivas se encontra presente e precisa ser desconstruído. Para que haja uma melhora, o Ministério da Educação em parceria com escolas deve criar debates e palestras feitas por profissionais da ciência, de forma que levem o conhecimento sobre a diversidade humana, a fim de que a sociedade entenda, conheça e respeite os direitos das diferentes definições de família e consequentemente, passe à aceita-los em seu ambiente de convívio. Só assim, tratando o problema desde a base, que a sociedade do futuro pensará como Habermas, enxergando a importância de questionarmos nossas tradições.